25/06/2012

Isso também passa

Tem dia que você está tão feliz que parece até que algo vai dar errado. Tem dia que você está tão triste que parece que o mundo vai acabar. Nessas horas o melhor a fazer é lembra que isso também passa, como diz o mestre Chico Xavier. Mas é bom lembrar sempre para evitar ilusões, infelicidade e, principalmente, frustrações.

Confesso que essa é uma lição diária que ainda preciso aprender, já que só lembro depois do golpe. Eu tento, mas não entendo boa parte dos seres humanos. Não entendo como as pessoas ferem as outras na cara dura e ainda têm a coragem de dizer que não tinham a intenção; como as pessoas mudam de ideia e tomam decisões precipitadas sem ao menos se dar ao trabalho de consultar a outra parte; como as pessoas se dão o direito de entrar na sua vida sem pedir licença e deixá-la sem avisar.
O ser humano tem ganhado cada vez mais inteligência burra, que não serve pra nada, e esquecido o básico da boa conduta, do caráter, da ética e da educação. Desempenha um papel perante a sociedade, cumprindo com todas suas obrigações, dignas de uma pessoa que é exemplo para os outros, mas por trás das câmeras é capaz de cometer as maiores crueldades e ainda se fazer de vítima.

O mundo está cheio de gente assim. E cada vez mais temos que estar preparados para enfrentar esse tipo de ser humano, aprendendo a identificá-lo antes que arme o bote. Infelizmente não é sempre que é possível se proteger, mas quando uma pessoa assim invadir a sua vida, lembre-se de que isso também passa. Levante a cabeça, engula o choro e siga sua vida com a certeza de que contra este mal você está vacinado.

17/06/2012

Só por hoje

Talvez eu devesse ouvir a razão e não me deixar levar. Talvez eu devesse escutar os outros e decidir pelo caminho mais comum. Talvez eu devesse esquecer o que aconteceu e seguir em frente. Talvez eu devesse ignorar os sentimentos. Talvez fosse mais sensato pular fora antes que o barco afunde. Mas como saber se ele realmente vai afundar? Como saber a diferença entre o certo e o errado, quando o que é errado me parece ser o certo? Como negar a felicidade? Como apagar uma história?
 
 
É tudo muito confuso e parece insano e inconsequente. Durante anos, foi tudo tão certinho, dentro da linha, que só por hoje quero que seja diferente. Só por hoje quero acreditar que vai dar certo. Só por hoje quero sonhar com um futuro perfeito. Só por hoje deixo o coração falar mais alto. Eu tenho esse direito, só por hoje. Amanhã é outro dia. E talvez as coisas mudem. Não porque eu mudei de opinião, mas porque tudo ao redor continua do mesmo jeito. Nada mudou. Mas eu sei, e só eu sei, o que realmente mudou e me fez acreditar só por hoje que tudo é possível.

12/06/2012

Hora certa

E aí que você começa a sair com um cara; sai uma, duas, três, dez vezes. Não importa a quantidade de vezes que você sai. O momento de obrigar o homem a tomar uma decisão varia de mulher para mulher. Mas uma hora você resolve encostar o cidadão na parede. “E aí, vamos assumir uma coisa mais séria ou não?” E é nesta hora que a casa cai, porque o bendito vira para você e diz: “Adorei te conhecer e sair com você. Você é isso, aquilo e aquilo outro. E bla-bla-blá, bla-bla-blá, mas... Não é a hora certa da gente se envolver”. E os motivos são os mais banais possíveis: término recente de um relacionamento, fase de pegar geral, falta de grana, falta de tempo, doença na família, morte do cachorro, estresse no trabalho. Não importa; a questão é que não é a hora certa. E você fica com cara de quem engoliu um cabo de guarda-chuva, não entende nada, sofre dois dias e, como toda mulher bem resolvida, levanta a cabeça e parte pra outra.

Esse negócio de hora certa é pura balela. Na verdade, é uma maneira um pouco mais educada de dar um fora em alguém, colocando a culpa no tempo. Não caiam nessa armadilha. Quase tudo nessa vida acontece simplesmente porque acontece, não tem hora certa. Não interessa se estamos preparados naquele momento. Tudo é uma questão de oportunidade. Cabe a nós a decisão de encarar ou não. Se o cara fica com você e gosta, não tem tempo certo. Ele pode ser o homem mais ocupado do mundo que vai arrumar um tempo para você, simplesmente porque ele quer estar ao seu lado. Ele pode ter acabado um relacionamento recentemente, mas se te conheceu e gostou, ele vai querer ficar com você, e não vai sequer pensar em olhar no relógio para saber se é a hora certa.

Minha amiga, não se iluda. Se o cara disser que não é o momento de vocês ficarem juntos, caia fora. Não se humilhe, não corra atrás. Parte para outra e seja feliz. Sabe o que vai acontecer? Depois de um tempo, ele vai acabar topando com a primeira pistoleira ou piriguete que encontrar pela frente, vai pedi-la em namoro e depois vai comer o pão que o diabo amassou na mão da fulana. E vai aceitar tudo com muito amor, sabe por quê? Porque era a hora certa de assumir um relacionamento. Querida, amor próprio é tudo nessa vida. Não se esqueça disso.

03/06/2012

Necessidades básicas

É difícil explicar porque temos a vida que muitos pediram a Deus e insistimos em reclamar dela. Sempre falta alguma coisa: um grande amor, um emprego novo, um salário melhor, uma casa mais espaçosa, uma viagem para a Europa, compras sem limites. Por um lado, o inconformismo nos leva a sonhar; e são os sonhos que nos movem e nos fazem lutar. Mas, por outro lado, é muito triste nos prendermos a coisas tão supérfluas enquanto uma grande parte dos brasileiros está lutando por água, uma coisa tão básica que passa totalmente despercebida aos nossos olhos e sentimentos.
Hoje, assisti a uma matéria no Globo Rural sobre a seca no sertão nordestino. Uma das cidades citadas na reportagem, na região de Irecê (BA), mostra o desespero da população para pegar o máximo de água possível quando o caminhão pipa chega à região. Água esta proveniente de um rio e que é distribuída suja e sem tratamento. A repórter acompanha o caso de uma menina de nove anos, que cuida de três irmãos, um deles um bebê de 10 meses. Ela sai de casa com um balde e as três crianças para buscar água. Volta com o balde na cabeça e o bebê no colo. E aquela água tem que ser suficiente para beber e cozinhar até que o caminhão volte a trazer mais alguns dias depois. Banho é luxo numa situação como aquela.
E esse é o nosso Brasil: um país cheio de contrastes. Enquanto muitos passam fome e sede no nordeste, alguns se divertem no sudeste gastando rios de dinheiro em besteiras, posando de poderosos em jatinhos e iates e esbanjando luxo e ostentação. Um Brasil de políticos corruptos que se esquecem do povo que carece de necessidades básicas para sobreviver enquanto enchem seus próprios bolsos com dinheiro dos impostos que nós trabalhamos para pagar. Segundo dados publicados na Veja da semana passada, somente na quarta-feira, 30 de maio, foi que nós brasileiros passamos a trabalhar para nós mesmos. Até então, desde janeiro, estamos trabalhando só para pagar imposto.

Um Brasil de gente como eu, como você que lê este texto, que temos uma vida sequer sonhada por aquele povo no nordeste, e vivemos reclamando em vez de agradecer. A matéria do Globo Rural fala do sonho das crianças que sofrem com a seca. E o sonho delas não tem nada a ver com o sonho de uma criança comum, que quer um brinquedo novo, um videogame, celular, computador ou um passeio incrível. O sonho dessas crianças é ter água encanada dentro de casa para não precisar mais carregar balde na cabeça.

E enquanto isso acontece no interior do Brasil, aqui estou na minha casa, sentada na minha cama, de pijama, às dez horas de um domingo típico de outono, com o computador no colo, escrevendo este texto, enquanto penso no que vou fazer hoje. Almoçar fora? Ir ao cinema? Ficar em casa assistindo filme? Fazer compras? Programar o passeio do feriado? São tantas coisas importantes para pensar e fazer durante o dia que até me esqueço de tomar água fresquinha e cristalina que vem do poço artesiano da chácara da minha família. Água esta que se estivesse disponível nesse momento àquele povo sofrido do nordeste seria mais motivo de alegria e festa do que qualquer programa que eu invente de fazer aqui em São Paulo.

26/05/2012

Paixão pela vida

Quando fico um tempo sem atualizar meu blog, sempre vem um amigo e pergunta o por que. Fico feliz em saber que meus leitores sentem faltam dos meus textos. Mas a resposta é muito simples: não tive vontade ou tempo de atualizar. Tenho uma amiga que diz que para se ter um blog é necessário ter uma frequência de atualização, tipo uma vez por semana, sempre às quartas-feiras. Desta forma, meus leitores sabem quando terão um texto novo em folha para lerem. Boa dica a dela, mas eu não sigo e não pretendo seguir.
Criei este blog porque sentia falta de escrever e, principalmente, de escrever sobre o que eu quisesse. Sou jornalista e, diferente de muitos que se formam em jornalismo, eu gosto de escrever. Nunca tive a pretensão de ser a próxima Fátima Bernardes nem de retratar tão bem a vida quanto Martha Medeiros. Confesso que escolhi jornalismo por falta de opção e por não querer parar de estudar. Fui muito incentivada pelo meu avô Manoel Mataveli a escolher essa profissão. E, no final, descobri que era isso mesmo que eu tinha que fazer. O jornalismo é uma das minhas paixões, assim como minha família, minhas amigas, o voleibol, o meu trabalho e o meu blog. E paixão pra mim é fazer aquilo que se gosta durante o tempo em que isso seja prazeroso. E é por isso que muitas vezes largo o blog de lado. Por que durante um tempo ele deixa de ser prazeroso, por falta de inspiração, vontade ou por qualquer outro motivo. E quando isso acontece, eu prefiro parar de escrever que fazer por obrigação.

E é mais ou menos assim que tudo acontece na minha vida. O trabalho, por exemplo, acredito que temos que amar aquilo que fazemos, já que passamos dez horas ou mais no local de trabalho, e ficamos mais tempo ao lado de pessoas “estranhas” do que de nossa própria família. E, hoje, o trabalho é uma das minhas paixões. O dia em que eu acordar de manhã e já não enxergar mais motivos para ir trabalhar, é porque a paixão acabou. E quando a paixão acaba não tem porque insistir. Melhor encerrar o ciclo e iniciar uma nova etapa.

E assim vou tentando me livrar de tudo o que me faz mal e focar naquilo que me dá prazer em fazer. Embora nem sempre isso seja possível, a paixão sempre vai ser meu critério para continuar ou não levando uma situação adiante, em qualquer sentido. Em alguns momentos, posso até me precipitar (já perdi boas oportunidades por não ter paciência de esperar), mas no geral, fazendo aquilo que gosto sempre e não me sentindo obrigada a empurrar com a barriga, é o que me torna uma pessoa mais feliz e menos pedante para os outros.

Uma das coisas que mais me incomodam é gente infeliz, amarga e pessimista. Gente que não sabe o que está fazendo no mundo e por isso atrapalha a vida dos outros. Dizem coisas absurdas a respeito da vida alheia quando na verdade está se referindo a si mesmo, mas não tem discernimento e Inteligência suficiente para assumir. Pessoas assim não sabem o que é ter paixão por alguma coisa e se deixar levar por ela, semeando boas energias. Pessoas assim talvez nunca se apaixonaram na vida por nada, nem ninguém. Suas únicas paixões são o espelho e o prazer de incomodar a vida alheia. Pessoas assim não suportam a felicidade dos outros, como se isso fosse uma afronta.

É por isso que prefiro fazer apenas aquilo que me traz prazer e deixar de lado o que me incomoda. Posso até me precipitar e perder o controle de vez em quando (afinal, não dá para sorrir 100% do tempo), mas nunca carregarei o peso de ser indesejável e insuportável o tempo todo. O tipo de pessoa que ninguém quer por perto e tratam bem por obrigação ou educação. O dia em que isso acontecer é porque perdi totalmente a paixão pela vida e me tornei inútil no mundo.