29/05/2011

Cobertor de orelhas

Mulheres solteiras, preparem-se! Vem aí a época mais fria do ano, e nós precisamos de um cobertor de orelhas. Não há nada mais triste do que não ter um no inverno.

É muito gostoso ser solteira no verão. Você sai mais com os amigos, participa de mais happy hours, vai ao parque andar de bicicleta, aproveita os dias mais longos, vai à praia, piscina, academia... Enfim, faz um monte de coisas legais de se fazer entre amigos ou mesmo sozinha. O calor nos impede de ficarmos muito próximos das pessoas.

Ser solteira no inverno é depressivo. Você não encontra ninguém para sair porque está frio e todos preferem ficar em casa debaixo das cobertas. Quase todos os lugares são sem-graça e frios. Ninguém quer sair para tomar cerveja gelada num barzinho à noite. Preferem tomar chocolate quente num Café à tarde. O frio faz com que a gente queira se aproximar mais das pessoas. Mas os melhores programas para se fazer no inverno não são com os amigos e, sim, a dois.

No inverno, é gostoso ir ao cinema assistir a um filme bacana agarradinho. Ficar em casa debaixo das cobertas, agarradinho também, comendo pipoca e assistindo a outro filme. Passear de mãos dadas no shopping. Jantar em restaurantes legais. Ir para Campos do Jordão e regiões serranas. Preparar fondue de queijo com chocolate. Andar abraçados nas ruas. Aproveitar as horas para namorar mais, curtir mais o parceiro. Aconchegar-se e esquentar-se no corpo dele.

Não dá para viver sem um cobertor de orelhas no inverno. Adquira logo o seu antes que ele acabe. Quem perder desta vez, reze para chegar logo pelo menos a primavera para você voltar à vida de solteira sem crise.

19/05/2011

Empurrando com a barriga


“Meu casamento está falido; o que eu queria mesmo era o divórcio e a liberdade”. “Odeio o lugar onde eu moro; meu sonho era mudar para outro Estado”. “Sou menos que um número na empresa onde trabalho; minha vontade era largar tudo e montar um negócio próprio”. “Não aguento mais ser humilhada pela minha cunhada; um dia eu ainda dou uns tapas nela”. Enquanto não tomamos uma atitude, vamos empurrando com a barriga.

Nós humanos somos muito complicados. Preferimos arrastar problemas que nos consomem cada vez mais do que tomar uma atitude e mudar a situação. Parece que se não tivermos do que reclamar, se não tivermos alguma insatisfação na vida, não conseguiremos viver. Se o que buscamos é a felicidade, porque insistimos tanto em continuar nos fazendo infelizes e frustrados? Por que empurramos tanto com a barriga situações que só dependem de nós mesmos para serem mudadas?

Você já parou para pensar no tempo que você está perdendo enquanto não toma uma atitude? Eu já. Aliás, paro sempre para refletir. E de vez em quando minha consciência me pega de jeito e me faz reavaliar até que ponto vale a pena insistir em certas situações. Tive a felicidade de conseguir mudar algumas vezes, jogar tudo para o alto e fazer o que eu queria. Confesso que nunca me arrependi disso. Mas logo vem o comodismo de novo. Normal, afinal sou humana.

Mas uma coisa sempre me deixa preocupada. Quanto mais insistimos em continuar empurrando com a barriga, mais tempo perdemos, mais frustrados ficamos e mais problemas acumulamos. Se você está insistindo em permanecer em alguma situação que já ultrapassou o limite, arrume um tempo para pensar. É melhor pular fora de um barco furado do que afundar junto com ele.

11/05/2011

Direitos do consumidor

Terça-feira, 20h30, toca o telefone. Minha mãe atende e diz que é pra mim, pensando ser uma amiga. Eu atendo e pronto! Me encontraram de novo. Era do banco. Desta vez estavam me oferecendo um super cartão, cheio de vantagens, acúmulo de pontos, sem anuidade, nas funções débito e crédito, blá, blá, blá. Não prestei atenção. Ao terminar a ladainha, a moça me pergunta: “qual a melhor data de vencimento para a senhora?” Eu respondo: “não quero cartão moça. Mantenho a conta nesse banco por causa de um financiamento. Quando terminar de pagar, vou fechar a conta”. Ela não insistiu. Disse boa noite e desligou na minha cara. Antes assim do que ficar me segurando por mais dez minutos tentando me convencer de algo que já tenho opinião formada. Pronto, essa não me incomoda mais por um bom tempo. Por isso, acho melhor atender logo de uma vez, porque se mandar dizer que não estou, eles vão continuar tentando até me encontrar.

Sinceramente, tento ser o mais educada possível, porque a pessoa do outro lado não tem culpa do trabalho que tem que exercer para ganhar o pão de cada dia. Mas odeio telemarketing. Cartões, seguro de vida, títulos de capitalização, assinaturas de revistas, internet rápida, TV por assinatura, convênio funerário. Não quero nada disso. E quando eu quiser, eu ligo. Não precisam gastar tempo e dinheiro me incomodando.

Às vezes tenho vontade de aceitar tudo o que me oferecem por telefone só para ver o tamanho do arrombo que vou fazer em minhas finanças. Poderia escrever uma reportagem sobre o assunto depois. Mas é melhor não me atrever a fazer isso, senão posso passar um bom tempo recuperando o dinheiro perdido.

Mas vamos supor que você resolva adquirir um desses serviços, como fiz recentemente. E aí você descobre que foi enganado. Tente cancelar para ver se você consegue! Você não acha ninguém e quando acha a pessoa lhe encaminha pra outro, que manda pra outro e outro e você não consegue encontrar um cidadão que resolva o seu problema.

Paguei R$ 180,00 por dois meses de internet de uma operadora de celular. O problema é que eu nunca usei o serviço, pois me venderam a maravilha, mas não me avisaram que na região onde moro não tem sinal. Agora o técnico atestou que não tem como usar o aparelho em casa e, olha que beleza, vão cancelar o serviço sem me cobrar multa. E os R$ 180,00? Se eu quiser de volta, vou ter que recorrer ao Procon.

Quando meu celular foi roubado, fiquei uma hora no telefone, nervosa, tentando bloquear o número e o aparelho. Ao chegar na loja da operadora para comprar um aparelho novo, em 15 minutos saí de lá com o celular pago, um plano mensal selecionado e o número de volta, apto para fazer e receber ligações.

Até hoje recebo boletos de anuidade de um cartão de crédito que cancelei há quatro anos, após ajuda do Procon. O cartão foi quebrado e jogado no lixo, o banco foi avisado pelo Procon para não mandar mais cobrança e eles insistem em me lembrar do episódio todos os anos.

Assinaturas de revistas são quase impossíveis de se cancelar. Sempre aparecem com promoções e brindes para manter você como cliente.

Diante das duas situações ainda prefiro atender as ligações. Pior do que ser encontrado por alguém tentando lhe vender um produto é não encontrar alguém que lhe ajude a se livrar dele.

09/05/2011

Admirável mundo novo

Não tenho dúvidas de que o mundo está evoluindo cada vez mais rápido. Também não tenho como não aceitar que muitas novidades que estão surgindo são fascinantes. Hoje, não consigo imaginar minha vida sem celular e internet. O que me assusta neste admirável mundo novo é pensar em onde isso tudo vai parar! Dez anos atrás, eu me divertia com um Disc Man. Andava pra baixo e pra cima com uma disqueteira e vivia trocando os CDs quando enjoava das músicas. Hoje, ouço música no celular, quantas quiser, dos mais variados gêneros e artistas.

Fiquei extasiada quando ganhei no Natal de 1995 uma máquina de escrever Olivetti do meu avô, depois de ter concluído meu curso de datilografia. Minha vida ficou muito mais fácil. Troquei os trabalhos feitos a mão nas folhas de almaço, com espaçamento de um dedo indicador no início de cada parágrafo, por páginas e páginas datilografadas. Uma inovação!

Quando criança minhas brincadeiras favoritas não estavam relacionadas a uma tela de computador ou a um videogame de última geração. Brincava na rua de amarelinha, elástico, queimada, bandeirinha, pega-pega, esconde-esconde, taco, vôlei, bicicleta. Adorava o horário de verão, porque podia ficar até mais tarde na rua.

Quando assistia à TV, meus programas e desenhos favoritos eram os Smurfs, Ursinhos Carinhosos, Caverna do Dragão, Power Rangers, Punk, Cavalo de Fogo e Carrossel. Acordava cedo todo dia para assistir à Vovó Mafalda. Quando descobri que ela era homem, acabou todo o encanto.

Celular não existia. Internet era tão distante quanto pisar na Lua. Computador era para empresas e gente rica. Quando meu pai comprou um videocassete, alugávamos quatro, seis filmes em um final de semana. Passávamos o domingo à noite rebobinando fita para devolver na locadora na segunda-feira.

Eu tinha um LP da Xuxa que eu amava. Meu irmão tinha uma fita K7 do Michael Jackson que ele não tirava do aparelho de som super antigo da família. Eu deixava uma fita K7 virgem no som, pronta para gravar minhas músicas favoritas quando elas tocassem na rádio. Quando começava era só apertar o REC e o Play juntos.

E por aí vai. São tantas coisas que não existem mais que sinto saudade cada vez que recebo um e-mail sobre o assunto ou vejo um vídeo. Recentemente, assisti a um comercial do Itaú que mostra crianças de hoje tentando descobrir o que são alguns aparelhos antigos. O videogame Atari foi considerado uma churrasqueira por uma criança. Um dos primeiros disquetes de computador foi usado por outra como capa de CD. É incrível ver a reação das crianças diante do desconhecido. Na hora lembrei do filme Gente Grande, em que o filho mais novo do personagem de Adam Sandler fica surpreso ao ver uma televisão de tubo. Ele pergunta para o pai o que é aquela caixa atrás da TV. É assustador pensar que uma criança de três anos pode não saber o que é uma TV comum.

Bem, o jeito é acompanhar essa evolução e aprender a viver nessa nova realidade. Caso contrário, quem acabará virando peça de museu sou eu. Mas cá entre nós, não é nem um pouco complicado se adaptar às inovações e comodidades desse admirável mundo novo. Mas que dá saudades do toca-fitas amarelo, do Super Sonic e dos Mamonas Assassinas, ah dá! Não tenho como negar.

06/05/2011

Berço de ouro

O dinheiro compra bens materiais, paga viagens, garante bons estudos. Mas também compra pessoas, favores e silêncios. A vida traz experiência, maturidade, conhecimento. Mas também traz malandragem, falsidade, falta de vergonha na cara. Nesse jogo de certo e errado, de prós e contras, o que determina de qual lado da história nós vamos ficar é o berço. A nossa origem e a forma como fomos criados são responsáveis pelo o que somos hoje.

O nosso caráter é formado a partir dos princípios e valores que nos foram passados desde pequenos. Famílias desestruturadas, sem valor nenhum para transmitir, criam filhos soltos no mundo e vulneráveis. São crianças e adolescentes que estão à mercê da sociedade e, por isso, são facilmente levados para o chamado mau caminho.

Quando falamos em famílias desestruturadas logo vêm à mente a falta de dinheiro, as condições precárias de moradia, a mãe de sete filhos, sendo um de cada pai. Engana-se quem pensa assim. Prova disto é a quantidade cada vez mais crescente de jovens de classe média alta que se envolvem com crimes, tráfico de drogas, fraudes, roubos e por aí vai.

Estrutura familiar, princípios e valores não têm nada a ver com dinheiro. Têm a ver com honestidade, dignidade, ética, generosidade e, principalmente, com exemplos. Nossos filhos aprendem a ser gente vendo a gente. É observando as nossas ações, ouvindo as nossas conversas e seguindo as nossas orientações que eles vão aprender a serem humanos. O mundo lá fora também exerce influência em sua formação, porém, se estiverem bem alicerçados dentro de casa, não tenha dúvida de que eles saberão fazer a escolha certa.

Precisei desse discurso pedagógico para entender por que alguns adultos são como são hoje. Tem gente que vive escondendo sujeira debaixo do tapete e acha que nunca vai ser pego. Por outro lado, tem gente que vê tudo isso e fica calado, como se fosse normal. Quer um exemplo? Brasília. Tem um monte de político corrupto achando que pode dar golpes aqui e ali, embolsar uma grana, superfaturar uma obra que ninguém vai pegar. Quem enxerga o que está acontecendo, finge que não vê porque também está sujo na praça. Enquanto isso, o povo brasileiro que trabalha para pagar impostos assiste de camarote a roubalheira e a falta de caráter e não faz nada. É normal. Estranho seria se eles estivessem querendo devolver dinheiro para o povo ou reduzir impostos. Aí sim seria motivo para preocupação.

Em meio a esta dura realidade dou graças a Deus por ter nascido em berço de ouro. Mas no meu caso o ouro não vem do dinheiro, porque isso minha família nunca teve. O que vale ouro em minha vida são os princípios e valores que meus pais ensinaram a mim e ao meu irmão. Eles nos ensinaram que é feio roubar o que não é nosso, que é feio mentir para esconder um erro, que é feio enganar as pessoas e mais feio ainda humilhar os outros. Eles nos ensinaram que não há dinheiro no mundo que compre a honestidade e o sossego de deitar a cabeça no travesseiro e dormir tranquilo, sem peso na consciência.

Em tempos de valores invertidos, a honestidade e a ética estão valendo ouro no mercado. Se você recebeu a mesma criação que eu, é melhor não divulgar isso para ninguém. Estamos correndo sérios riscos de roubarem o ouro do nosso berço.

01/05/2011

Amigos de verdade

A vida me ensinou, e ensina a cada dia que passa, que amigos de verdade - aqueles do dia a dia, com quem a gente pode contar sempre, o tempo todo - são poucos. No máximo cinco, segundo uma pesquisa que vi na revista Superinteressante. E se pararmos para pensar em quem são nossos amigos de verdade, realmente não fugiremos muito deste número.

Amigos de verdade nos aceitam como somos, compreendem nossas limitações, apontam nossos erros, valorizam nossas qualidades, discutem conosco as divergências, mas não nos abandonam nunca. Não deixam de nos ligar, de mandar mensagem, de mostrar que existem e que se preocupam conosco. Podemos até ficar um tempo sem nos ver, mas nunca ficamos sem nos falar.

Amigos de verdade são companheiros para todas as horas, puxam nossa orelha, cuidam da gente quando estamos bêbados, bebem com a gente quando estamos sofrendo, dão conselhos, contam piadas, pagam a conta quando estamos sem grana, nos acompanham em alguma aventura maluca, mesmo não gostando, só para nos verem felizes. Amigos de verdade não nos cobram companhia, muito menos favores.

Amigos de verdade são a família que nos permitiram escolher. São os irmãos que não tivemos. São os anjos da guarda que Deus nos enviou. Uma amiga uma vez me disse que quem tem amigos não precisa de terapeuta. Eu assino em baixo.
É importante que a gente sempre pare para pensar e avaliar quem são nossos amigos de verdade. Sempre acabamos riscando um monte de gente da lista. Se você não consegue fazer esta análise, não se preocupe. Na hora certa, você saberá quem realmente são seus amigos de verdade. E quando descobrir, não deixe de valorizá-los, e nunca coloque outras pessoas em seus lugares por nenhum motivo, por nenhum período. Você certamente irá se arrepender depois.

Amigos de verdade são raros hoje em dia. O que não faltam são pessoas que se aproximam de nós por interesses que só entendemos quando não correspondemos suas expectativas. Mais do que em qualquer outra situação, na amizade o que vale é a qualidade e não a quantidade. Cinco amigos de verdade valem por um batalhão de gente conhecida.