É impressionante como as pessoas mais velhas não servem para nada. Vivem tentando nos ensinar alguma coisa; estão sempre se metendo onde não são chamadas; acham que o que viveram 50 anos atrás pode servir de lição ainda hoje. Coitados, eles não sabem nada sobre o nosso mundo. Mas temos que respeitá-los, pois eles estão no fim da vida. Logo, logo Deus leva.
Você já parou para ouvir as besteiras que as pessoas mais velhas dizem? Talvez não. Afinal, não temos tempo para coisas que não vão nos acrescentar nada. Pois deveríamos. É justamente por não termos tempo de ouvir os mais velhos que somos mesquinhos, arrogantes, egocêntricos e metidos. É por falta de ensinamento sobre a vida que desafiamos os limites, desrespeitamos as regras, nos achamos os donos da verdade, nos comportamos como se fôssemos imortais.
Todos nós precisamos de lições de vida, moral, boa conduta, sabedoria, humildade. São matérias que não se aprendem em nenhuma escola, muito menos na mais conceituada universidade de qualquer coisa do mundo. E não há dinheiro que pague esses ensinamentos. São tesouros que nós só descobrimos com os nossos pais, avós, com o senhorzinho da pracinha.
Os jovens de hoje, e eu me incluo neste meio, estão precisando de um choque de humanidade. Estão precisando aprender a viver com mais dignidade, honestidade, tolerância, respeito e, principalmente, humildade. Muitos acham que são os donos do mundo, mas não conseguem dominar nem o próprio caráter. Mudam de opinião como mudam de roupa e não conseguem sustentar um ideal. Agem de acordo com a conveniência.
Aqui vai uma dica para quem quer preencher o vazio da mente e da alma. Ouçam os mais velhos e aprendam com eles. Aqueles que estão fazendo hora extra na Terra possuem uma sabedoria capaz de nos fazer esquecer um pouco do nosso mundo e abrir os ouvidos e o coração para aquilo que realmente pode fazer a diferença em nossas vidas.
Hoje, assisti no GNT a reprise de uma entrevista de Marília Gabriela com o ex-vice-presidente, José Alencar, exibida no dia 08 de novembro de 2009. Foi uma aula de fé, de integridade, de honra e de humildade, virtude muito citada por ele durante a entrevista. Ao ser questionado sobre a sua insistente luta contra o câncer, Alencar disse: “Eu não tenho medo da morte. Eu tenho medo da desonra”. E continuou: “Se Deus quiser me levar, ele não precisa de câncer para me levar. Se ele não quiser me levar, não há câncer que me leve”. Nesta hora, me senti um ser humano que não merece o que tem.
Em outro trecho, Alencar comentava sobre a quantidade absurda de manifestações de carinho e de pessoas que oravam por ele em todo o país. “Peço a Deus que me dê humildade para que isso não me suba à cabeça e que eu não me sinta o tal”. E assim foi durante toda a entrevista. Levei um tapa na cara atrás do outro. E aprendi muito com esse senhor de quase 80 anos, no fim da vida, como costumamos dizer.
Deus decidiu levar José Alencar na última terça-feira, mas graças à tecnologia suas entrevistas e suas lições poderão se perpetuar por muitos e muitos anos. Quem sabe ainda possam ensinar muitos jovens a descerem do pedestal.
José Alencar encerrou a entrevista com mais uma lição, ao citar uma frase de Miguel de Cervantes. “A humildade é a mais importante de todas as virtudes. Tão importante que, sem ela, não há virtude que o seja”. Não há curso no mundo que me ensine o que eu aprendi com José Alencar.
Quem quiser aprender um pouco com ele, o Youtube está repleto de vídeos com suas aulas.
31/03/2011
29/03/2011
Universo feminino
Mulher gosta de gastar dinheiro e pronto. Não importa se é pobre ou rica, gorda ou magra, branca ou negra, chique ou brega. Mulher adora uma promoção, uma feirinha de artesanato, uma tarde de compras no shopping, um passeio pelas ruas José Paulino e 25 de março, em São Paulo. Mulher adora ir ao cabeleireiro cortar as pontas do cabelo, fazer as unhas, depilação, limpeza de pele. Não importa se é no salão mais caro da cidade ou na vizinha da esquina que acabou de aprender as fórmulas para a beleza feminina.
Mulher adora coleção. De cartões de crédito com limites altos e várias datas de pagamento, de roupas, sapatos, bolsas, bijuterias. Não importa se a marca é Prada, comprada em uma viagem ao exterior, ou uma falsificação idêntica adquirida no camelô da feira de domingo. O importante é ter um guarda-roupa repleto de opções, mesmo que não use a metade. E é por isso que mulher vive dizendo que não tem o que vestir.
Mulheres adoram fofocar no banheiro. Quando se unem em prol de um bem-comum, sai de baixo. Ninguém é capaz de derrubá-las. Mas mulheres também adoram competir e vivem enxergando umas às outras como concorrentes.
Mulher tem necessidade de ser amada e compreendida. Costuma falar nas entrelinhas e acha sim que os homens possuem bola de cristal para adivinharem o que ela está pensando.
Mulher não sabe pensar em uma coisa de cada vez. Precisa exercitar o cérebro colocando tudo o que é possível lá dentro. Da roupa que vai vestir na festa de casamento da amiga à comida que vai preparar no jantar, passando pelo livro que gostaria de ler, o cinema com as amigas e o novo perfume que precisa comprar porque viu na TV e percebeu que aquilo é um item de extrema necessidade em sua vida.
Mulher não é muito chegada em tecnologia. Vive apanhando dos aparelhos. Mas como adora estar na moda, não deixa de adquirir seu mais novo brinquedinho só porque não entende como ele funciona. Como é dotada de inteligência e capacidade de assimilação, logo aprende a lidar com as inovações.
Toda mulher deveria ter direito a um carro zero Km com direção hidráulica, vidros elétricos e sistema que avisa quando é a hora da revisão. Desta forma, ela só precisa se preocupar com três coisas: falar para o frentista olhar a água do carro e calibrar os pneus; levar para a revisão quando o sistema avisar e colocar gasolina ou álcool, dependendo do que compensa mais. Nestas horas, tem sempre um homem para dizer quando é vantagem abastecer com um ou com o outro.
Mulheres adoram se interar sobre os novos tratamentos cosméticos, as cores da estação, os sapatos da moda, as dietas da vez, os alimentos saudáveis. Também estão por dentro dos acontecimentos no Japão, da crise econômica em Portugal, do desmatamento na Amazônia, dos estudos com células-tronco, dos impactos ambientais causados pelo homem.
Mulher só não está por dentro dos jogos do campeonato de futebol, da capa da Playboy deste mês, das peças que precisam ser trocadas no carro, de como fazer uma baliza sem precisar manobrar mil vezes, da diferença entre as marcas de cerveja.
Bem, toda regra tem sua exceção. É claro que existem as mulheres que são diferentes de tudo o que foi citado. Elas são tão fáceis de encontrar quanto homens que não gostam de futebol.
Mulher adora coleção. De cartões de crédito com limites altos e várias datas de pagamento, de roupas, sapatos, bolsas, bijuterias. Não importa se a marca é Prada, comprada em uma viagem ao exterior, ou uma falsificação idêntica adquirida no camelô da feira de domingo. O importante é ter um guarda-roupa repleto de opções, mesmo que não use a metade. E é por isso que mulher vive dizendo que não tem o que vestir.
Mulheres adoram fofocar no banheiro. Quando se unem em prol de um bem-comum, sai de baixo. Ninguém é capaz de derrubá-las. Mas mulheres também adoram competir e vivem enxergando umas às outras como concorrentes.
Mulher tem necessidade de ser amada e compreendida. Costuma falar nas entrelinhas e acha sim que os homens possuem bola de cristal para adivinharem o que ela está pensando.
Mulher não sabe pensar em uma coisa de cada vez. Precisa exercitar o cérebro colocando tudo o que é possível lá dentro. Da roupa que vai vestir na festa de casamento da amiga à comida que vai preparar no jantar, passando pelo livro que gostaria de ler, o cinema com as amigas e o novo perfume que precisa comprar porque viu na TV e percebeu que aquilo é um item de extrema necessidade em sua vida.
Mulher não é muito chegada em tecnologia. Vive apanhando dos aparelhos. Mas como adora estar na moda, não deixa de adquirir seu mais novo brinquedinho só porque não entende como ele funciona. Como é dotada de inteligência e capacidade de assimilação, logo aprende a lidar com as inovações.
Toda mulher deveria ter direito a um carro zero Km com direção hidráulica, vidros elétricos e sistema que avisa quando é a hora da revisão. Desta forma, ela só precisa se preocupar com três coisas: falar para o frentista olhar a água do carro e calibrar os pneus; levar para a revisão quando o sistema avisar e colocar gasolina ou álcool, dependendo do que compensa mais. Nestas horas, tem sempre um homem para dizer quando é vantagem abastecer com um ou com o outro.
Mulheres adoram se interar sobre os novos tratamentos cosméticos, as cores da estação, os sapatos da moda, as dietas da vez, os alimentos saudáveis. Também estão por dentro dos acontecimentos no Japão, da crise econômica em Portugal, do desmatamento na Amazônia, dos estudos com células-tronco, dos impactos ambientais causados pelo homem.
Mulher só não está por dentro dos jogos do campeonato de futebol, da capa da Playboy deste mês, das peças que precisam ser trocadas no carro, de como fazer uma baliza sem precisar manobrar mil vezes, da diferença entre as marcas de cerveja.
Bem, toda regra tem sua exceção. É claro que existem as mulheres que são diferentes de tudo o que foi citado. Elas são tão fáceis de encontrar quanto homens que não gostam de futebol.
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28/03/2011
A ciência da vida
Se a vida fosse uma ciência exata, poderíamos medir nossos atos e as consequências deles. Poderíamos esticar uma trena e calcular nossos sentimentos e saber, com exatidão, se amamos mais ou menos que alguém. Poderíamos saber o real tamanho das nossas tristezas e alegrias. Poderíamos dizer, com certeza, o quanto magoamos alguém. Daria para pesarmos tudo e, desta forma, saber a hora certa de tirar o peso das costas. Saberíamos os quilos exatos de uma consciência pesada. E tudo poderia ser feito na medida certa, com a quantidade exata de ingredientes. Nada a menos, nada a mais. A vida seria bem mais fácil.
Mas a vida não é uma ciência exata, é uma ciência humana. E por ser humana é cheia de incertezas, de indecisões, falhas, consequências, decepções, surpresas que não se podem mensurar. Tudo é relativo. Tudo é subjetivo. Tudo depende de um ponto de vista. Como saber se somos amados tanto quanto amamos? Como saber se magoamos tanto quanto fomos magoados? Como saber se somos tão felizes quanto julgamos ser? Para essas outras perguntas não existem respostas na ciência da vida.
Somente com o passar dos anos e com a experiência adquirida através dos tombos e glórias chegaremos à sabedoria necessária para entender o real valor de tudo o que tentamos mensurar a vida toda. Então, descobriremos que para algumas coisas caímos na real tarde demais. Por isso, nada melhor do que o bom senso para nos dizer e nos fazer entender o quanto representa cada sentimento, ato ou consequência em nossa vida e na vida do outro. Afinal, cada um tem sua própria balança e fita métrica para medir as coisas de acordo com sua conveniência e bagagem de vida.
Mas a vida não é uma ciência exata, é uma ciência humana. E por ser humana é cheia de incertezas, de indecisões, falhas, consequências, decepções, surpresas que não se podem mensurar. Tudo é relativo. Tudo é subjetivo. Tudo depende de um ponto de vista. Como saber se somos amados tanto quanto amamos? Como saber se magoamos tanto quanto fomos magoados? Como saber se somos tão felizes quanto julgamos ser? Para essas outras perguntas não existem respostas na ciência da vida.
Somente com o passar dos anos e com a experiência adquirida através dos tombos e glórias chegaremos à sabedoria necessária para entender o real valor de tudo o que tentamos mensurar a vida toda. Então, descobriremos que para algumas coisas caímos na real tarde demais. Por isso, nada melhor do que o bom senso para nos dizer e nos fazer entender o quanto representa cada sentimento, ato ou consequência em nossa vida e na vida do outro. Afinal, cada um tem sua própria balança e fita métrica para medir as coisas de acordo com sua conveniência e bagagem de vida.
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27/03/2011
O que sinto
Nunca consegui falar o que sinto. Sempre me comuniquei melhor com as palavras escritas. Elas me possibilitam pensar antes de escrever. Palavras faladas saem sem pensar e machucam mais facilmente. Mas tenho dificuldades de expressar o que sinto mesmo através de palavras escritas, porque não sei ao certo o que sinto.
Por um lado tenho tudo o que quero. Por outro me falta tudo o que sempre quis. Às vezes sinto que deveria largar tudo e fugir, ir embora daqui, e começar uma vida em outro lugar. Mas isso não vai mudar o que sinto. O que está dentro de mim vai me acompanhar para onde quer que eu vá. Às vezes sinto que deveria seguir meu coração e ir atrás do que ele quer. Mas sinto também que não sei exatamente o que ele quer.
O que eu sei é que o que sinto dói. Sinto dor no peito, no coração e na cabeça. Dores que chegam de repente e, repentinamente, vão embora. Dores que me apavoram, que me fazem chorar, que me fazem temer os fantasmas que estão escondidos no fundo da minha alma e que insistem em me assombrar. Às vezes sinto que me arrasto pela vida e a vejo passar pela janela do meu quarto sem esboçar qualquer reação, sem ter coragem de levantar e seguir em frente. No dia seguinte, tudo parece estar no lugar de sempre, o dia está lindo e eu agradeço a Deus por mais uma chance de continuar vivendo.
Essa confusão de sentimentos me consome. Ao mesmo tempo, me dá forças para não desistir de lutar, na certeza de que dias melhores virão. Afinal, tudo o que sinto só diz respeito ao meu presente e ao meu passado. Não posso sentir o futuro. Em relação a ele, só sei que nada sei.
Por um lado tenho tudo o que quero. Por outro me falta tudo o que sempre quis. Às vezes sinto que deveria largar tudo e fugir, ir embora daqui, e começar uma vida em outro lugar. Mas isso não vai mudar o que sinto. O que está dentro de mim vai me acompanhar para onde quer que eu vá. Às vezes sinto que deveria seguir meu coração e ir atrás do que ele quer. Mas sinto também que não sei exatamente o que ele quer.
O que eu sei é que o que sinto dói. Sinto dor no peito, no coração e na cabeça. Dores que chegam de repente e, repentinamente, vão embora. Dores que me apavoram, que me fazem chorar, que me fazem temer os fantasmas que estão escondidos no fundo da minha alma e que insistem em me assombrar. Às vezes sinto que me arrasto pela vida e a vejo passar pela janela do meu quarto sem esboçar qualquer reação, sem ter coragem de levantar e seguir em frente. No dia seguinte, tudo parece estar no lugar de sempre, o dia está lindo e eu agradeço a Deus por mais uma chance de continuar vivendo.
Essa confusão de sentimentos me consome. Ao mesmo tempo, me dá forças para não desistir de lutar, na certeza de que dias melhores virão. Afinal, tudo o que sinto só diz respeito ao meu presente e ao meu passado. Não posso sentir o futuro. Em relação a ele, só sei que nada sei.
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23/03/2011
A vida alheia
Por que será que a vida do outro parece mais fácil, mais bonita e mais legal que a nossa? Não são raras as vezes que nos pegamos desejando o que é do outro. Não estou falando de inveja e, sim, de descontentamento com a própria vida.
Achamos que o emprego do outro é o melhor do mundo, que o namorado da nossa amiga é mais charmoso, que a casa do vizinho é mais bonita. Sonhamos com o que o outro tem. Ah!, se eu tivesse um carro daquele seria o homem mais feliz do mundo. Ah!, se eu tivesse um marido como aquele passaria o resto da minha vida ao lado dele.
Enfim, a vida alheia nos parece sempre mais interessante. Mas não é. Todo mundo tem problema; todo mundo tem queixas a fazer. Claro que cada um em proporções diferentes, porque cada ser humano pode encarar a mesma situação de formas distintas, dependendo de sua bagagem de vida, cultura, valores, criação etc.
Digo que a vida do outro não é mais interessante que a nossa, porque todos nós somos fabricados em duas versões: o que somos no fundo, na essência – e que pouquíssimas pessoas conhecem - e o que representamos na sociedade. Sim, todos nós somos personagens de nós mesmos. Não confundam personagem com falsidade, falta de personalidade ou caráter.
Representar é necessário para viver em sociedade. Quantas vezes, na frente das pessoas, temos que tolerar alguém que odiamos quando na verdade a vontade que temos é de esbofeteá-lo? E por que não esbofeteamos? Porque existem as convenções sociais que nos impedem de fazer isso, que nos impõem limite e regras de boas maneiras e nos fazem acreditar que, se fizermos isso, será pior para nós mesmos.
Isso tudo quer dizer que não temos como saber se o emprego do outro realmente é o melhor do mundo, porque o que vemos da vida dele são apenas as aparências. Não estamos com ele no dia a dia para conhecermos a realidade. Será que a sua amiga realmente não tem queixa nenhuma do namorado mais charmoso do pedaço?
Ninguém nunca está plenamente satisfeito com o que é e com o que tem. Estamos sempre buscando mais. E isso é saudável, desde que feito de forma equilibrada. Querer mais, continuar sonhando e lutar para conquistar nossos sonhos e objetivos é o que nos mantém vivos. O dia que estivermos plenamente satisfeitos com tudo o que fizemos e temos na vida, não teremos mais o que fazer neste mundo.
Por isso, antes de olhar pelo buraco da fechadura do vizinho e querer o que é dele, pense se você não é mais feliz com o que você tem. Afinal, “se todos jogássemos nossos problemas em uma pilha e víssemos os de todo mundo, pegaríamos os nossos de volta” (autor desconhecido). A vida alheia pode não ser tão boa quanto parece.
Achamos que o emprego do outro é o melhor do mundo, que o namorado da nossa amiga é mais charmoso, que a casa do vizinho é mais bonita. Sonhamos com o que o outro tem. Ah!, se eu tivesse um carro daquele seria o homem mais feliz do mundo. Ah!, se eu tivesse um marido como aquele passaria o resto da minha vida ao lado dele.
Enfim, a vida alheia nos parece sempre mais interessante. Mas não é. Todo mundo tem problema; todo mundo tem queixas a fazer. Claro que cada um em proporções diferentes, porque cada ser humano pode encarar a mesma situação de formas distintas, dependendo de sua bagagem de vida, cultura, valores, criação etc.
Digo que a vida do outro não é mais interessante que a nossa, porque todos nós somos fabricados em duas versões: o que somos no fundo, na essência – e que pouquíssimas pessoas conhecem - e o que representamos na sociedade. Sim, todos nós somos personagens de nós mesmos. Não confundam personagem com falsidade, falta de personalidade ou caráter.
Representar é necessário para viver em sociedade. Quantas vezes, na frente das pessoas, temos que tolerar alguém que odiamos quando na verdade a vontade que temos é de esbofeteá-lo? E por que não esbofeteamos? Porque existem as convenções sociais que nos impedem de fazer isso, que nos impõem limite e regras de boas maneiras e nos fazem acreditar que, se fizermos isso, será pior para nós mesmos.
Isso tudo quer dizer que não temos como saber se o emprego do outro realmente é o melhor do mundo, porque o que vemos da vida dele são apenas as aparências. Não estamos com ele no dia a dia para conhecermos a realidade. Será que a sua amiga realmente não tem queixa nenhuma do namorado mais charmoso do pedaço?
Ninguém nunca está plenamente satisfeito com o que é e com o que tem. Estamos sempre buscando mais. E isso é saudável, desde que feito de forma equilibrada. Querer mais, continuar sonhando e lutar para conquistar nossos sonhos e objetivos é o que nos mantém vivos. O dia que estivermos plenamente satisfeitos com tudo o que fizemos e temos na vida, não teremos mais o que fazer neste mundo.
Por isso, antes de olhar pelo buraco da fechadura do vizinho e querer o que é dele, pense se você não é mais feliz com o que você tem. Afinal, “se todos jogássemos nossos problemas em uma pilha e víssemos os de todo mundo, pegaríamos os nossos de volta” (autor desconhecido). A vida alheia pode não ser tão boa quanto parece.
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22/03/2011
Motivo para chorar
Têm horas que o que mais precisamos é de um motivo para chorar. Quantas vezes não desabamos por uma besteira? Ninguém entende porque choramos tanto por causa de uma blusa manchada, um tombo ou um objeto perdido, quando na verdade precisávamos apenas de um motivo para as lágrimas rolarem. Chorávamos mesmo era pelo amor perdido, pelo desemprego, pela solidão, pela falta de perspectiva, pela vida fora do eixo.
Antigamente, eu chorava por qualquer coisa. Mas a vida foi me endurecendo e confesso que não lembrava mais quando fora a última vez que eu havia derramado lágrimas. Mas semana passada eu arrumei um tempo e um motivo para colocar o choro em dia. Desabei.
Por alguns momentos minha vida pareceu não ser mais minha. Chorei por coisas que julgava estarem superadas. Chorei por erros do passado. Chorei por uma situação que achava que estava sob meu controle. Chorei por causa da humanidade. Chorei por causa de pessoas desumanas. Chorei por amores perdidos. Chorei pela falta de amor. Chorei por medo do futuro.
As lágrimas se foram e a minha vida pareceu ter voltado ao normal. Estou forte e sem olheiras. Nenhum vestígio do desabamento. Consegui me recompor, coloquei a máscara de volta, vesti minha capa protetora e voltei para o palco para representar meu papel na sociedade. Quando o copo estiver cheio não vão faltar motivos para ele transbordar novamente. A pergunta é: quanto tempo vai levar para encher de novo?
Antigamente, eu chorava por qualquer coisa. Mas a vida foi me endurecendo e confesso que não lembrava mais quando fora a última vez que eu havia derramado lágrimas. Mas semana passada eu arrumei um tempo e um motivo para colocar o choro em dia. Desabei.
Por alguns momentos minha vida pareceu não ser mais minha. Chorei por coisas que julgava estarem superadas. Chorei por erros do passado. Chorei por uma situação que achava que estava sob meu controle. Chorei por causa da humanidade. Chorei por causa de pessoas desumanas. Chorei por amores perdidos. Chorei pela falta de amor. Chorei por medo do futuro.
As lágrimas se foram e a minha vida pareceu ter voltado ao normal. Estou forte e sem olheiras. Nenhum vestígio do desabamento. Consegui me recompor, coloquei a máscara de volta, vesti minha capa protetora e voltei para o palco para representar meu papel na sociedade. Quando o copo estiver cheio não vão faltar motivos para ele transbordar novamente. A pergunta é: quanto tempo vai levar para encher de novo?
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21/03/2011
Mulher e tecnologia não se entendem
Fui à loja da operadora de celulares para comprar um aparelho novo, já que o meu foi roubado na sexta-feira passada. Vamos ao dilema:
- Pois não, posso lhe ajudar? – perguntou a atendente.
- Vim comprar um celular novo porque o meu foi roubado! – respondi.
- Ah tá, e você já sabe qual modelo vai querer? – pergunta a moça desinteressada pela minha situação. O que ela queria mesmo era me enfiar o aparelho mais caro da loja.
- Então, me explica uma coisa primeiro. Qual é a diferença deste celular que vem com internet (o mesmo que eu tinha antes de me roubarem), um Smartphone e esse tal de Android?
- O Smartphone é um mini-computador. Ele armazena arquivos, faz download etc. O celular normal tem acesso à internet, mas não tem WI FI, nem 3G, ou seja, a internet é lenta. Já o Android é um sistema operacional, tipo o Windows. Você consegue baixar milhões de aplicativos nele.
- Ah tá, então gostei desse aparelho aqui. Achei mais bonitinho. Acho que vou levar ele.
Não entendi bulhufas. O que eu vou fazer com milhões de aplicativos? Eu nem sei direito o que é isso e para quê serve. E por que eu vou querer um mini-computador se eu acabei de comprar um netbook, que pra mim já é um mini-computador?
Melhor usar a intuição feminina nesta hora. Escolhi um aparelho pela beleza, pela marca e pelo preço acessível ao meu bolso.
No final, trouxe pra casa um Smartphone, com câmera de 2MB, 3G, WIFI, o tal do Android, tela touch, GPS e cartão de memória de 2GB. Só achei o aparelho um pouco grande demais para o meu gosto. Deve ser porque tem muita coisa dentro dele. E ainda troquei o meu plano. Agora vou pagar R$ 68,00 por mês e tenho 45 minutos para falar, mais 50MB de internet, mais 45 torpedos, mais 60 minutos para usar à noite e nos finais de semana, mais 800 minutos para ligar para celular da mesma operadora caso tudo isso acabe. Se ainda assim não bastar e eu gastar mais, não ficarei na mão. O valor é acrescentado na conta. Nossa, será que vou dar conta de usar tudo isso? Sinceramente, não sei fazer uma relação entre o que eu gasto por mês e o que tudo isso de vantagem representa. Pode ser que seja menos do que eu preciso, sei lá, ainda estou confusa.
A moça fez tudo o que tinha que fazer, recebeu o dinheiro da compra e disse:
- Seu número já está liberado. Você vai levar o celular na mão ou quer que eu coloque na caixa?
- Como assim liberado? Se alguém ligar pra mim eu já consigo atender?
- Sim. Você já quer levá-lo na mão?
- Não, pode colocar na caixa. Se alguém ligar eu não vou saber atender mesmo. Tenho que aprender a lidar com o aparelho primeiro.
Saí da loja com a sensação de que fiz um ótimo negócio. Não entendi metade do que a moça falou, mas acho que tenho um tesouro nas mãos. Vou até fazer um seguro deste aparelho para, caso ele seja roubado também, eu não me sinta tão lesada.
Corri para o guichê do estacionamento, porque, na verdade, minha maior preocupação era fazer tudo em 20 minutos para não ter que pagar R$ 4,00 por ter deixado o carro no shopping durante a compra do celular. Mas não deu tempo. Passaram-se dois minutos do tempo limite para estacionar de graça. Talvez se eu não tivesse perguntado a diferença entre esse monte de tecnologia, teria dado tempo de sair sem pagar o estacionamento.
Agora estou em casa com o aparelho na mão sem saber como ele funciona. Da última vez que comprei um celular, demorei um mês para me entender com a tela touch. Minha expectativa é bater o recorde. O importante é ir aos poucos. Já testei para ver se toca mesmo. Não gostei da música. O próximo passo é trocar a melodia e tentar começar a recuperar meus contatos. GPS acho que nunca vou usar. A internet sim. Mas isso eu tenho uns 15 dias para aprender como funciona. O tal do Android é melhor eu nem entender para que ele serve. Já não tenho tempo pra nada. Se eu gostar deste troço, vou ter que parar de dormir para dar conta de tudo.
- Pois não, posso lhe ajudar? – perguntou a atendente.
- Vim comprar um celular novo porque o meu foi roubado! – respondi.
- Ah tá, e você já sabe qual modelo vai querer? – pergunta a moça desinteressada pela minha situação. O que ela queria mesmo era me enfiar o aparelho mais caro da loja.
- Então, me explica uma coisa primeiro. Qual é a diferença deste celular que vem com internet (o mesmo que eu tinha antes de me roubarem), um Smartphone e esse tal de Android?
- O Smartphone é um mini-computador. Ele armazena arquivos, faz download etc. O celular normal tem acesso à internet, mas não tem WI FI, nem 3G, ou seja, a internet é lenta. Já o Android é um sistema operacional, tipo o Windows. Você consegue baixar milhões de aplicativos nele.
- Ah tá, então gostei desse aparelho aqui. Achei mais bonitinho. Acho que vou levar ele.
Não entendi bulhufas. O que eu vou fazer com milhões de aplicativos? Eu nem sei direito o que é isso e para quê serve. E por que eu vou querer um mini-computador se eu acabei de comprar um netbook, que pra mim já é um mini-computador?
Melhor usar a intuição feminina nesta hora. Escolhi um aparelho pela beleza, pela marca e pelo preço acessível ao meu bolso.
No final, trouxe pra casa um Smartphone, com câmera de 2MB, 3G, WIFI, o tal do Android, tela touch, GPS e cartão de memória de 2GB. Só achei o aparelho um pouco grande demais para o meu gosto. Deve ser porque tem muita coisa dentro dele. E ainda troquei o meu plano. Agora vou pagar R$ 68,00 por mês e tenho 45 minutos para falar, mais 50MB de internet, mais 45 torpedos, mais 60 minutos para usar à noite e nos finais de semana, mais 800 minutos para ligar para celular da mesma operadora caso tudo isso acabe. Se ainda assim não bastar e eu gastar mais, não ficarei na mão. O valor é acrescentado na conta. Nossa, será que vou dar conta de usar tudo isso? Sinceramente, não sei fazer uma relação entre o que eu gasto por mês e o que tudo isso de vantagem representa. Pode ser que seja menos do que eu preciso, sei lá, ainda estou confusa.
A moça fez tudo o que tinha que fazer, recebeu o dinheiro da compra e disse:
- Seu número já está liberado. Você vai levar o celular na mão ou quer que eu coloque na caixa?
- Como assim liberado? Se alguém ligar pra mim eu já consigo atender?
- Sim. Você já quer levá-lo na mão?
- Não, pode colocar na caixa. Se alguém ligar eu não vou saber atender mesmo. Tenho que aprender a lidar com o aparelho primeiro.
Saí da loja com a sensação de que fiz um ótimo negócio. Não entendi metade do que a moça falou, mas acho que tenho um tesouro nas mãos. Vou até fazer um seguro deste aparelho para, caso ele seja roubado também, eu não me sinta tão lesada.
Corri para o guichê do estacionamento, porque, na verdade, minha maior preocupação era fazer tudo em 20 minutos para não ter que pagar R$ 4,00 por ter deixado o carro no shopping durante a compra do celular. Mas não deu tempo. Passaram-se dois minutos do tempo limite para estacionar de graça. Talvez se eu não tivesse perguntado a diferença entre esse monte de tecnologia, teria dado tempo de sair sem pagar o estacionamento.
Agora estou em casa com o aparelho na mão sem saber como ele funciona. Da última vez que comprei um celular, demorei um mês para me entender com a tela touch. Minha expectativa é bater o recorde. O importante é ir aos poucos. Já testei para ver se toca mesmo. Não gostei da música. O próximo passo é trocar a melodia e tentar começar a recuperar meus contatos. GPS acho que nunca vou usar. A internet sim. Mas isso eu tenho uns 15 dias para aprender como funciona. O tal do Android é melhor eu nem entender para que ele serve. Já não tenho tempo pra nada. Se eu gostar deste troço, vou ter que parar de dormir para dar conta de tudo.
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20/03/2011
O meu problema não é nada
Nesta vida já me roubaram tempo, paciência, humor. Já me roubaram amores, amigos, sonhos. Mas nunca me roubaram coisas.
Na sexta-feira, roubaram meu celular durante o trabalho em uma feira, em São Paulo. Não fiquei chateada pelo valor financeiro do aparelho, mas sim pelo o que ele representava pra mim. Uma agenda de contatos que talvez não recupere por completo. Vídeos dos meus primos e de um amigo cantando. Músicas da minha dupla favorita (isso eu recupero). Fotos da minha cachorra e de seus seis irmãos quando eram filhotes.
Depois de uma hora no telefone consegui bloquear o chip e o aparelho. A pessoa que roubou não tem mais nada a fazer senão jogar o aparelho no lixo, principalmente depois de perceber que minhas coisas só prestam pra mim mesma. Não valem nada para mais ninguém.
Como se não bastasse o roubo, até chegar em casa ainda tive que enfrentar chuva, frio, fome, ônibus quebrado e horas de espera. Cheguei às onze da noite e ainda tinha que trabalhar no sábado. No dia seguinte, eis que me roubam o celular da empresa também. Senti-me uma idiota, incapaz de cuidar das suas próprias coisas.
Acordei hoje com a sensação de que a maré iria virar. Fui ao cinema com uma amiga assistir a um filme do Woody Allen. Estava muito ansiosa, porque além de achar muito chique e culto assistir a um filme do Woody Allen, ainda fui instigada pelo nome do filme: “Você vai encontrar o homem dos seus sonhos”. Saí do cinema sem entender o filme e sem a receita para encontrar o homem dos meus sonhos. Pela segunda vez em um final de semana me senti uma idiota. Desta vez por não ter cultura suficiente para aplaudir um Woody Allen.
Resolvi então gastar dinheiro no meu celular novo, mas o sistema da operadora não estava funcionando no estado de São Paulo inteiro, ou seja, só amanhã. Já que tudo deu errado, me entupi de comida e doce e voltei para casa dormir, antes que acontecesse mais alguma coisa.
Sinceramente, a revolta passou. Isso não é nenhuma tragédia. Pelo menos eu não estava no Japão durante o terremoto e o tsunami, não estou na Líbia no meio de uma guerra civil, tenho saúde, emprego, uma família maravilhosa e amigos que eu tanto amo.
Tirei uma lição deste fim de semana de cão. Às vezes ficamos tão “em-mesmados” que não conseguimos olhar para o lado. Não percebemos que existem pessoas ao nosso redor em situações infinitamente piores. O egocentrismo nos deixa cegos e nos faz achar que os nossos problemas são os maiores do mundo.
É preciso enxergar além do nosso próprio mundo. É preciso saber ouvir os outros para entender que nossos problemas não são nada perto dos problemas dos nossos vizinhos. Aliás, você conhece os seus vizinhos? Eu confesso que não conheço os meus.
Celulares roubados não são nada. Vida roubada é um problema.
Tempo perdido esperando um ônibus não é nada. A vida perdida por falta de tempo é um problema.
Filme mal compreendido não é nada. Não compreender a vida é um problema.
O meu problema não é nada. Não enxergar além do próprio umbigo é um problema.
Na sexta-feira, roubaram meu celular durante o trabalho em uma feira, em São Paulo. Não fiquei chateada pelo valor financeiro do aparelho, mas sim pelo o que ele representava pra mim. Uma agenda de contatos que talvez não recupere por completo. Vídeos dos meus primos e de um amigo cantando. Músicas da minha dupla favorita (isso eu recupero). Fotos da minha cachorra e de seus seis irmãos quando eram filhotes.
Depois de uma hora no telefone consegui bloquear o chip e o aparelho. A pessoa que roubou não tem mais nada a fazer senão jogar o aparelho no lixo, principalmente depois de perceber que minhas coisas só prestam pra mim mesma. Não valem nada para mais ninguém.
Como se não bastasse o roubo, até chegar em casa ainda tive que enfrentar chuva, frio, fome, ônibus quebrado e horas de espera. Cheguei às onze da noite e ainda tinha que trabalhar no sábado. No dia seguinte, eis que me roubam o celular da empresa também. Senti-me uma idiota, incapaz de cuidar das suas próprias coisas.
Acordei hoje com a sensação de que a maré iria virar. Fui ao cinema com uma amiga assistir a um filme do Woody Allen. Estava muito ansiosa, porque além de achar muito chique e culto assistir a um filme do Woody Allen, ainda fui instigada pelo nome do filme: “Você vai encontrar o homem dos seus sonhos”. Saí do cinema sem entender o filme e sem a receita para encontrar o homem dos meus sonhos. Pela segunda vez em um final de semana me senti uma idiota. Desta vez por não ter cultura suficiente para aplaudir um Woody Allen.
Resolvi então gastar dinheiro no meu celular novo, mas o sistema da operadora não estava funcionando no estado de São Paulo inteiro, ou seja, só amanhã. Já que tudo deu errado, me entupi de comida e doce e voltei para casa dormir, antes que acontecesse mais alguma coisa.
Sinceramente, a revolta passou. Isso não é nenhuma tragédia. Pelo menos eu não estava no Japão durante o terremoto e o tsunami, não estou na Líbia no meio de uma guerra civil, tenho saúde, emprego, uma família maravilhosa e amigos que eu tanto amo.
Tirei uma lição deste fim de semana de cão. Às vezes ficamos tão “em-mesmados” que não conseguimos olhar para o lado. Não percebemos que existem pessoas ao nosso redor em situações infinitamente piores. O egocentrismo nos deixa cegos e nos faz achar que os nossos problemas são os maiores do mundo.
É preciso enxergar além do nosso próprio mundo. É preciso saber ouvir os outros para entender que nossos problemas não são nada perto dos problemas dos nossos vizinhos. Aliás, você conhece os seus vizinhos? Eu confesso que não conheço os meus.
Celulares roubados não são nada. Vida roubada é um problema.
Tempo perdido esperando um ônibus não é nada. A vida perdida por falta de tempo é um problema.
Filme mal compreendido não é nada. Não compreender a vida é um problema.
O meu problema não é nada. Não enxergar além do próprio umbigo é um problema.
14/03/2011
A que você veio ao mundo?
Tem gente que veio ao mundo a passeio. Não esquenta a cabeça com nada, vive no mundo da lua. Geralmente não tem responsabilidade alguma.
Tem gente que veio ao mundo para infernizar. Provoca todo mundo, é irritante, gosta de ferrar os outros e adora dizer “bem-feito” ou “Eu te avisei!”
Tem gente que veio ao mundo para sofrer. Vive em depressão, acha que tudo e todos estão contra ele, chora sem motivo e está sempre buscando mais sofrimento.
Tem gente que veio ao mundo para causar. Causa rebuliço aonde vai, causa discórdia, é a causa de separações e brigas conjugais. Essas pessoas ousam demais, vulgarizam-se; não têm nada no cérebro.
Tem gente que veio ao mundo para amar. Ama a tudo e a todos, encara o trabalho, a família, o estudo com muito amor. Ama as coisas simples da vida; apaixona-se por tudo o que faz.
Tem gente que veio ao mundo para ser amado. É carente, precisa de companhia, mas ao mesmo tempo é gentil, delicado, meigo. Alguém fácil de ser amado.
Tem gente que não sabe por que veio ao mundo. São pessoas amargas, grossas, estúpidas, enfezadas, literalmente. Vivem de caras fechadas, dão patadas em todo o mundo. Acordam de mau humor e assim permanecem durante o dia todo, a semana, o ano, a vida inteira.
Essas pessoas já nascem esperando a morte. E, por isso, vivem em vão.
Tem gente que veio ao mundo para tolerar. Tolerar aqueles que não sabem por que vieram ao mundo. Tolerar a ignorância e a estupidez humana. Tolerar e ser paciente, manter a postura, a mansidão. Tolerar e ser humilde, gentil.
Há ainda quem veio ao mundo simplesmente para viver. Amando e sendo amado; tolerando e sendo tolerado; infernizando e sendo infernizado.
Sofre, chora, se descabela. Causa, apronta, perde o juízo. Mas aproveita cada momento ao máximo.
E você, já sabe a que veio ao mundo?
Tem gente que veio ao mundo para infernizar. Provoca todo mundo, é irritante, gosta de ferrar os outros e adora dizer “bem-feito” ou “Eu te avisei!”
Tem gente que veio ao mundo para sofrer. Vive em depressão, acha que tudo e todos estão contra ele, chora sem motivo e está sempre buscando mais sofrimento.
Tem gente que veio ao mundo para causar. Causa rebuliço aonde vai, causa discórdia, é a causa de separações e brigas conjugais. Essas pessoas ousam demais, vulgarizam-se; não têm nada no cérebro.
Tem gente que veio ao mundo para amar. Ama a tudo e a todos, encara o trabalho, a família, o estudo com muito amor. Ama as coisas simples da vida; apaixona-se por tudo o que faz.
Tem gente que veio ao mundo para ser amado. É carente, precisa de companhia, mas ao mesmo tempo é gentil, delicado, meigo. Alguém fácil de ser amado.
Tem gente que não sabe por que veio ao mundo. São pessoas amargas, grossas, estúpidas, enfezadas, literalmente. Vivem de caras fechadas, dão patadas em todo o mundo. Acordam de mau humor e assim permanecem durante o dia todo, a semana, o ano, a vida inteira.
Essas pessoas já nascem esperando a morte. E, por isso, vivem em vão.
Tem gente que veio ao mundo para tolerar. Tolerar aqueles que não sabem por que vieram ao mundo. Tolerar a ignorância e a estupidez humana. Tolerar e ser paciente, manter a postura, a mansidão. Tolerar e ser humilde, gentil.
Há ainda quem veio ao mundo simplesmente para viver. Amando e sendo amado; tolerando e sendo tolerado; infernizando e sendo infernizado.
Sofre, chora, se descabela. Causa, apronta, perde o juízo. Mas aproveita cada momento ao máximo.
E você, já sabe a que veio ao mundo?
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13/03/2011
A estupidez da morte
Esta noite sonhei que uma amiga muito querida havia morrido atropelada. No mesmo sonho a namorada de um amigo meu também tinha morrido, em um acidente de carro. Chorei muito durante o sonho, acho até que chorei de verdade. Lembro de ter ido ao velório e visto muitos, muitos caixões. Foi um pesadelo; acordei assustada.
Estou em Jarinu, na chácara dos meus avós, e acabo de receber a notícia da morte de uma menina de 10 anos que conheci no último Natal. Ela era filha do namorado da irmã por parte de pai do meu tio, casado com a irmã da minha mãe. Ou seja, nenhum parentesco comigo. Porém, durante aquele dia festivo ela passou a tarde toda comigo. Passei protetor solar nela e brincamos juntas na piscina. Tentei ensiná-la a nadar. Na hora de ir embora, ela desceu, tomou banho, se trocou e subiu para se despedir de mim. Na época, comentei com minha família que aquela menina era muito meiga e simpática. Gostei muito dela. Ela ficou de voltar na Páscoa para comemorar com a gente.
Não deu tempo. Ela morreu antes. Após desmaiar no banheiro durante o banho, foi levada para o hospital. Diagnóstico: aneurisma. Estava internada desde o dia 28 de fevereiro. Foi enterrada no sábado de Carnaval. 10 anos de idade, meu Deus!
Não existe coisa mais estúpida na vida que a morte. Você está vivo, com saúde, cheio de planos para o feriado, para o ano que vem e, de repente, morre atropelado.
Você está preparando tudo para o seu casamento e, a poucos dias do momento mais especial de sua vida, morre assassinado na esquina por um motivo banal.
Vai viajar a trabalho e volta com uma doença que lhe tira a vida em poucos dias. Está no trânsito, não vê a hora de chegar em casa, e é atingido por um tsunami. São inúmeras histórias estúpidas que ouvimos todos os dias.
Minha avó me disse enquanto filosofávamos sobre a morte: “Pra que tanto orgulho nessa vida se o fim é a morte!”. Quem falou que seremos privilegiados no fim por sermos ricos, famosos, bonitos, poderosos? Nada disso importa. A morte é estúpida até nessas horas. Ela não sabe escolher. Suas escolhas são feitas de acordo com critérios de seleção que não são passíveis de entendimento a simples mortais como nós.
Já disse em outro post que a vida é uma caixinha de surpresas. Mas existem muitas surpresas que não são bem-vindas.
Estou em Jarinu, na chácara dos meus avós, e acabo de receber a notícia da morte de uma menina de 10 anos que conheci no último Natal. Ela era filha do namorado da irmã por parte de pai do meu tio, casado com a irmã da minha mãe. Ou seja, nenhum parentesco comigo. Porém, durante aquele dia festivo ela passou a tarde toda comigo. Passei protetor solar nela e brincamos juntas na piscina. Tentei ensiná-la a nadar. Na hora de ir embora, ela desceu, tomou banho, se trocou e subiu para se despedir de mim. Na época, comentei com minha família que aquela menina era muito meiga e simpática. Gostei muito dela. Ela ficou de voltar na Páscoa para comemorar com a gente.
Não deu tempo. Ela morreu antes. Após desmaiar no banheiro durante o banho, foi levada para o hospital. Diagnóstico: aneurisma. Estava internada desde o dia 28 de fevereiro. Foi enterrada no sábado de Carnaval. 10 anos de idade, meu Deus!
Não existe coisa mais estúpida na vida que a morte. Você está vivo, com saúde, cheio de planos para o feriado, para o ano que vem e, de repente, morre atropelado.
Você está preparando tudo para o seu casamento e, a poucos dias do momento mais especial de sua vida, morre assassinado na esquina por um motivo banal.
Vai viajar a trabalho e volta com uma doença que lhe tira a vida em poucos dias. Está no trânsito, não vê a hora de chegar em casa, e é atingido por um tsunami. São inúmeras histórias estúpidas que ouvimos todos os dias.
Minha avó me disse enquanto filosofávamos sobre a morte: “Pra que tanto orgulho nessa vida se o fim é a morte!”. Quem falou que seremos privilegiados no fim por sermos ricos, famosos, bonitos, poderosos? Nada disso importa. A morte é estúpida até nessas horas. Ela não sabe escolher. Suas escolhas são feitas de acordo com critérios de seleção que não são passíveis de entendimento a simples mortais como nós.
Já disse em outro post que a vida é uma caixinha de surpresas. Mas existem muitas surpresas que não são bem-vindas.
11/03/2011
Será o fim do mundo?
Cheguei no trabalho hoje e recebi a notícia do terremoto e do tsunami no Japão. Meu Deus, o que está acontecendo com o mundo?
Meu último post falou da cidade de São Luiz do Paraitinga que tenta se reconstruir depois da enchente que destruiu parcialmente a cidade em 2010. Felizmente ninguém morreu. Porém, a realidade no mundo é outra.
Em janeiro deste ano, cerca de 900 pessoas perderam suas vidas nas enchentes na região serrana do Rio de Janeiro.
Em 2010, terremotos atingiram o Haiti e o Chile. Foram 230 mil mortos no Haiti e 404 no Chile. Em 2009, foi a Indonésia que sofreu com tremores de terra que provocaram 4 mil mortes. Em 2008, houve 87 mil óbitos na China por causa de um terremoto.
Também em 2008, a Ásia foi atingida por um ciclone, que afetou principalmente o Paquistão e a Índia, deixando 80 mil mortos. Em 2005, o furacão Katrina matou mais de mil pessoas nos Estados Unidos.
Minha memória passou a gravar o trauma de tragédias naturais a partir de 2004, com o tsunami na Ásia que matou cerca de 280 mil pessoas. Era 26 de dezembro e eu e minha família curtíamos o pós-Natal na casa dos meus avós quando vimos as imagens na TV. Até então, eu nunca tinha ouvido a palavra tsunami na minha vida. Hoje, ela já faz parte do meu vocabulário de coisas impressionantes e catastróficas.
As tragédias naturais no Brasil também não me pareciam comuns até pouco tempo. Quando via notícias de tsunamis, terremotos, furacões, ciclones, erupções vulcânicas, sentia-me feliz por morar em um país que estava livre disso. Hoje, podemos até estar menos suscetíveis a isso, porém não nos livramos das catástrofes naturais. As enchentes e os desmoronamentos anuais não nos deixam esquecer.
Os maias disseram que o mundo vai acabar em 2012. Assim como outras profecias garantiam que acabaria no ano 2000 ou na virada do milênio. Quem não se lembra de Nostradamus?
Sempre houve quem acreditasse e quem duvidasse desses prazos de validade do planeta Terra. Sempre houve quem se promovesse e ganhasse dinheiro em cima dessas previsões. Do mesmo jeito que sempre houve aqueles que acham que podem vencer a força da natureza.
Para quem perdeu a vida nessas catástrofes naturais o mundo acabou de repente, sem que eles pudessem entender o que estava acontecendo. Enquanto isso, nós, que ainda temos o privilégio de estarmos vivos, aguardamos o dia 21 de dezembro de 2012 para sabermos se Deus ainda nos dará oportunidades de continuarmos destruindo a Terra. Enquanto esperamos, acabamos com o planeta por um lado e geramos cada vez mais tecnologia por outro.
O ser humano é capaz de inventar coisas incríveis que revolucionam nossas vidas. Ele só não é capaz de inventar coisas incríveis para evitar tragédias, proteger o meio ambiente e manter o equilíbrio da Terra. Enquanto vivemos deslumbrados com as maravilhas do mundo moderno, nos esquecemos de que tudo isso é destruído em segundos quando a natureza se revolta. Infelizmente, os japoneses estão sentindo esse poder de destruição na pele.
Meu último post falou da cidade de São Luiz do Paraitinga que tenta se reconstruir depois da enchente que destruiu parcialmente a cidade em 2010. Felizmente ninguém morreu. Porém, a realidade no mundo é outra.
Em janeiro deste ano, cerca de 900 pessoas perderam suas vidas nas enchentes na região serrana do Rio de Janeiro.
Em 2010, terremotos atingiram o Haiti e o Chile. Foram 230 mil mortos no Haiti e 404 no Chile. Em 2009, foi a Indonésia que sofreu com tremores de terra que provocaram 4 mil mortes. Em 2008, houve 87 mil óbitos na China por causa de um terremoto.
Também em 2008, a Ásia foi atingida por um ciclone, que afetou principalmente o Paquistão e a Índia, deixando 80 mil mortos. Em 2005, o furacão Katrina matou mais de mil pessoas nos Estados Unidos.
Minha memória passou a gravar o trauma de tragédias naturais a partir de 2004, com o tsunami na Ásia que matou cerca de 280 mil pessoas. Era 26 de dezembro e eu e minha família curtíamos o pós-Natal na casa dos meus avós quando vimos as imagens na TV. Até então, eu nunca tinha ouvido a palavra tsunami na minha vida. Hoje, ela já faz parte do meu vocabulário de coisas impressionantes e catastróficas.
As tragédias naturais no Brasil também não me pareciam comuns até pouco tempo. Quando via notícias de tsunamis, terremotos, furacões, ciclones, erupções vulcânicas, sentia-me feliz por morar em um país que estava livre disso. Hoje, podemos até estar menos suscetíveis a isso, porém não nos livramos das catástrofes naturais. As enchentes e os desmoronamentos anuais não nos deixam esquecer.
Os maias disseram que o mundo vai acabar em 2012. Assim como outras profecias garantiam que acabaria no ano 2000 ou na virada do milênio. Quem não se lembra de Nostradamus?
Sempre houve quem acreditasse e quem duvidasse desses prazos de validade do planeta Terra. Sempre houve quem se promovesse e ganhasse dinheiro em cima dessas previsões. Do mesmo jeito que sempre houve aqueles que acham que podem vencer a força da natureza.
Para quem perdeu a vida nessas catástrofes naturais o mundo acabou de repente, sem que eles pudessem entender o que estava acontecendo. Enquanto isso, nós, que ainda temos o privilégio de estarmos vivos, aguardamos o dia 21 de dezembro de 2012 para sabermos se Deus ainda nos dará oportunidades de continuarmos destruindo a Terra. Enquanto esperamos, acabamos com o planeta por um lado e geramos cada vez mais tecnologia por outro.
O ser humano é capaz de inventar coisas incríveis que revolucionam nossas vidas. Ele só não é capaz de inventar coisas incríveis para evitar tragédias, proteger o meio ambiente e manter o equilíbrio da Terra. Enquanto vivemos deslumbrados com as maravilhas do mundo moderno, nos esquecemos de que tudo isso é destruído em segundos quando a natureza se revolta. Infelizmente, os japoneses estão sentindo esse poder de destruição na pele.
10/03/2011
Carnaval da reconstrução
Logo na entrada da cidade de São Luiz do Paraitinga eu e minhas amigas fomos surpreendidas pelo preço da Zona Azul: R$ 50,00. “Para deixar o carro na rua?”, perguntamos. “Sim, para deixar o carro na rua durante o dia todo, até as 6h de amanhã. Depois já passa a contar outra cor de selo”, respondeu recepcionista de foliões. “E se a gente não pagar?” “Multa de mais ou menos R$ 160,00 e o carro é guinchado”.
O que pareceu um absurdo no início acabou sendo substituído por um sentimento de justiça. São Luiz tem cerca de 10.500 habitantes. Só na abertura do Carnaval, o bloco Juca Teles levou para as ruas da cidade mais de 10 mil foliões. A maior parte era turista. Já que o carnaval é de rua e você não precisa pagar nada para participar, e ainda conta com equipe de segurança, policiais espalhados pela cidade, médicos de plantão e ambulância para socorrê-lo, de algum lugar tinha que sair o dinheiro para bancar a sua estadia e a limpeza.
Além dos gastos com a estrutura do evento, ainda tinha o principal: a cidade está em reconstrução. Depois das fortes chuvas no Reveillon de 2010, quando o rio Paraitinga transbordou e inundou a cidade, destruindo casas, locais públicos e, inclusive, a histórica igreja matriz, São Luiz tenta se reerguer. A festa mais famosa da cidade não aconteceu em 2010. Este ano, voltou um pouco modesta, com alterações do roteiro dos blocos, que não passaram pelo centro histórico como de costume, e bem menos foliões do que o habitual.
Mesmo assim, eu ainda não havia engolido por completo a história dos R$ 50,00 de Zona Azul. Mas um vendedor ambulante acabou com minha mesquinhez: “A gente achou que esse carnaval nem fosse existir. Mas graças a Deus estamos aí e obrigado pela presença de todos vocês. Vocês vão ver que no ano que vem esta igreja vai estar erguida de novo”. Depois dessa declaração passei a achar mais do que justo pagar a Zona Azul e o banheiro e gastar mais na água, na comida e na bebida.
Vendo a cidade de perto dá para entender o que aconteceu. O rio Paraitinga, que corta São Luiz, me pareceu grande demais, desproporcional ao tamanho da cidade. Além disso, ele estava cheio e a impressão que me passava era de que poderia transbordar com uma chuva um pouco mais forte. Muitas casas foram construídas as suas margens. As barreiras de contenção tentam amenizar o problema, mas ele continua ali. Vendo essa realidade me veio em mente a declaração de um especialista que vi na TV. “Não é o rio que está invadindo o quintal das casas. São as casas que estão invadindo o quintal dos rios”.
Torço para que São Luiz se recupere e que tragédias como a vivida em 2010 não voltem a acontecer. Torço para que a tradição de 30 anos do carnaval de rua da cidade permaneça alegrando a vida de milhares de foliões todos os anos. Torço para que o homem pare de desafiar a natureza. E, finalmente, torço para que os seres humanos aprendam com o povo de São Luiz a reconstruírem suas vidas, a começarem de novo.
09/03/2011
Carnaval de marchinhas
Quem me conhece sabe que nunca gostei de Carnaval. Aliás, sempre torcia para este feriado passar logo. Mas como, excepcionalmente, este ano prometi me abrir mais para novas descobertas, aceitei o desafio de passar o Carnaval no meio do fervo.
E lá se foram eu e minhas amigas encararmos quatro horas de congestionamento na Dutra com destino a São Luiz do Paraitinga, no Vale do Paraíba, cidade que mantém um dos carnavais mais tradicionais do Brasil, com suas típicas marchinhas.
Mesmo em reconstrução, fato que será relatado no meu próximo post, São Luiz preparou uma super festa para receber os foliões. Só no sábado foram mais de 10 mil pessoas no Bloco do Juca Teles, que abre oficialmente a festa na cidade.
A sensação de peixe fora d’água do início foi logo superada por uma deliciosa surpresa, ao me deparar com um carnaval de paz, alegria, gente bonita, diversão e fervo contagiante. A praça central da cidade e as ruas do centro histórico viraram um mar de foliões.
Os moradores de São Luiz costumam sair da cidade nesta época e alugar suas casas para os turistas. São grupos de 10, 20 pessoas em cada casa que passam os quatro dias bebendo, se divertindo e fazendo coisas que não teriam coragem de fazer em suas terras-natal.
As marchinhas de blocos como Juca Teles, Barbosa, Maricota, Pé na Cova e Bico do Corvo estavam na boca do povo. Além dos blocos oficiais da cidade, grupos de foliões faziam a festa com seus blocos, digamos, paralelos. Tinha o bloco da turma do Chaves, dos mineiros do Chile (o mais criativo e original, na minha opinião), o bloco dos Oito, Bexiga Paralisadora e vários outros. Tinha gente andando pela cidade dentro de barril, outro no lombo de um avestruz, vários marmanjos de fraudas descartáveis, fantasiados de vaca, de ursinho de pelúcia, Mulher Maravilha, Batman e muitos outros personagens.
Outras vestimentas que imperavam pelas ruas do centro histórico eram as roupas de feitas de chita ou de retalhos. No sábado, quando chegamos, nos deparamos com uma legião de gente com roupa colorida, traje típico do Bloco Juca Teles. Quem não vai preparado, não precisa se preocupar, pois na praça central há uma feirinha onde é possível comprar todos os apetrechos típicos do Carnaval Luizense. E não tem como não ser contagiada por este clima. Tanto que tratei logo de comprar uma saia de retalhos para me exibir como uma verdadeira foliã de São Luiz.
Depois, com a garrafinha cheia de açaí com vodka - uma mistura um tanto quanto explosiva, já que um dá energia e o outro amnésia – foi só decorar as marchinhas e a folia estava garantida.
Como decidimos a viagem de última hora, acabamos nos hospedando em um apart hotel em Taubaté, a cerca de 45Km de São Luiz. Por isso tivemos que ir e voltar para lá todos os dias.
Como nossa presença, se Deus quiser, está garantida no ano que vem, vamos alugar uma casa na cidade para curtirmos esta festa de pertinho o tempo todo, com direito a bloco próprio e tudo. O Las Chicas começará a ser preparado em breve. Quem quiser se divertir com a gente à moda das marchinhas reserva lugar neste bloco e vamos embora para São Luiz do Paraitinga em 2012. Very Nice!
05/03/2011
Pausa para a folia
O ano mal começou e já me sinto um bagaço. Mas estou feliz. Feliz porque estou conseguindo cumprir algumas promessas de Reveillon, estou mudando alguns valores e conceitos que me acompanhavam há algum tempo, estou exercitando mais meu cérebro e estou comemorando o sucesso deste blog.
Faz pouco mais de um mês que criei este diário moderno e já tenho leitores assíduos. Gente que me cobra textos, que lê meus posts todos os dias, que comenta, que concorda, que discorda, que se mostra presente. Tenho leitores que conheci através do blog, e que agora já estão fazendo parte da minha vida. Os acessos estão crescendo; dobraram nos últimos três posts. Isso me deixa mais do que feliz; me deixa surpresa e, principalmente, empolgada para continuar com esta aventura.
Porém minha gente, como disse no começo, estou cansada. Preciso de uns dias pra mim, para curtir a vida, sem pensar em trabalho. Afinal, preciso descer ao nível zero do workaholism. Tenho que dar o exemplo.
Nestes quatro dias de Carnaval não vou postar nada no blog. Porém, não deixarei de pensar em assuntos interessantes para colocar na semana que vem. Para não correr o risco de perder alguns detalhes, estou levando o meu netbook na viagem. Melhor prevenir. Porém, prometo tentar não usá-lo. O tratamento de um workaholic às vezes vem em doses homeopáticas.
Volto na quarta-feira com um post quentíssimo sobre o meu Carnaval em São Luís do Paraitinga, aquela cidade histórica do Vale do Paraíba que foi destruída pelas chuvas no ano passado. O Carnaval lá é famoso pelos blocos de rua e suas marchinhas locais. Estou curiosa para conhecer esta festa típica e também para saber como a cidade está superando a tragédia das enchentes.
Bom Carnaval a todos. Divirtam-se com moderação e responsabilidade. Juízo só se julgarem extremamente necessário.
Beijos e abraços.
04/03/2011
Pirateados
Outro dia, estava passando pelo corredor da empresa e ouvi dois profissionais furando uma parede. Ao terminarem, um olhou para o outro e disse: "Segurou?". O outro deu um sorriso e respondeu. "A gente finge que segurou".
Essa frase boba ficou na minha mente. O que será que a gente tanto finge ter segurado em nossa vida?
Fingimos que fizemos um bom trabalho. Fingimos que somos excelentes profissionais. Fingimos trabalhar quando não estamos com vontade. Fingimos que não estamos apaixonados por aquela pessoa. Fingimos que não ligamos para ofensas. Fingimos que não enxergamos mendigos nas ruas e gente pedindo esmola nos semáforos. Fingimos que estamos dormindo para não dar lugar à mulher grávida ou à senhora de idade em pé no ônibus. Fingimos que somos ecologicamente corretos. Fingimos que não percebemos que a moça do caixa nos voltou troco a mais. Fingimos que realmente nos importamos com as vítimas das enchentes e com os necessitados. Fingimos que não vimos o namorado da melhor amiga com outra. Fingimos gostar e fingimos não gostar também. Fingimos estar tudo bem quando o mundo está desabando sobre nossas cabeças.
Por que estamos sempre escondendo alguma coisa embaixo do tapete? Para que tanto fingimento? A quem queremos tanto enganar? Somos produtos pirateados de nós mesmos. Somos programados para viver de acordo com as convenções de uma sociedade que valoriza a mentira e o fingimento como formas de estarmos sempre bem diante das pessoas.
Ser verdadeiro e transparente é perigoso, não pega bem, as pessoas não gostam. Preferem viver em um universo de mentiras, de falsificações.
Se deixar de fingir é impossível para se viver em sociedade, cuidado com o que você finge ser e sentir. Pirataria é crime e a única pessoa que será presa pela falsificação é você.
Essa frase boba ficou na minha mente. O que será que a gente tanto finge ter segurado em nossa vida?
Fingimos que fizemos um bom trabalho. Fingimos que somos excelentes profissionais. Fingimos trabalhar quando não estamos com vontade. Fingimos que não estamos apaixonados por aquela pessoa. Fingimos que não ligamos para ofensas. Fingimos que não enxergamos mendigos nas ruas e gente pedindo esmola nos semáforos. Fingimos que estamos dormindo para não dar lugar à mulher grávida ou à senhora de idade em pé no ônibus. Fingimos que somos ecologicamente corretos. Fingimos que não percebemos que a moça do caixa nos voltou troco a mais. Fingimos que realmente nos importamos com as vítimas das enchentes e com os necessitados. Fingimos que não vimos o namorado da melhor amiga com outra. Fingimos gostar e fingimos não gostar também. Fingimos estar tudo bem quando o mundo está desabando sobre nossas cabeças.
Por que estamos sempre escondendo alguma coisa embaixo do tapete? Para que tanto fingimento? A quem queremos tanto enganar? Somos produtos pirateados de nós mesmos. Somos programados para viver de acordo com as convenções de uma sociedade que valoriza a mentira e o fingimento como formas de estarmos sempre bem diante das pessoas.
Ser verdadeiro e transparente é perigoso, não pega bem, as pessoas não gostam. Preferem viver em um universo de mentiras, de falsificações.
Se deixar de fingir é impossível para se viver em sociedade, cuidado com o que você finge ser e sentir. Pirataria é crime e a única pessoa que será presa pela falsificação é você.
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03/03/2011
Cinema sem legenda
Confesso que estava ansiosa para assistir ao filme "Bruna Surfistinha". Não li o livro dela, mas pelas histórias que ouvi a seu respeito e pelos comentários negativos de duas amigas que assistiram ao filme, minhas expectativas de decepção e revolta eram grandes. Mas me surpreendi com o que vi. Esperava ficar horrorizada com a história, enojada com as cenas de sexo e com vontade de vomitar ao ver aquela mulher dando para todo tipo de homem, principalmente os mais asquerosos possíveis. Saí do cinema pensativa.
Fiquei pensando na história de uma pobre menina de classe média que foi ignorada pelo pai, insultada pelo irmão, desprezada na escola e humilhada por um idiota. Fiquei estarrecida. O que as atitudes humanas são capazes de fazer com a cabeça de uma pessoa! Ninguém tem o direito de acabar com sonhos e com a vida de ninguém. E quantas meninas passam por situações como essa? Claro que nem isso que aconteceu com a adolescente Raquel, e nem nada, são motivos para uma pessoa se tornar vulnerável, cair na vida e sair dando para todo mundo. Mas quando se tem um psicológico fraco, uma mente perturbada, quando falta estrutura, principalmente familiar, qualquer coisa que aconteça fora do script pode levar um ser humano a cometer loucuras como as de Raquel, que passou da garota menos popular da escola para a prostituta mais famosa do Brasil.
Definitivamente o filme não me horrorizou. Fiquei muito mais chocada com a Sandy posando de devassa do que com a Débora Secco interpretando uma puta. Mas isso é assunto para um outro post. Hoje, eu gostaria de propor um brinde às produções cinematográficas brasileiras; uma salva de palmas ao cinema sem legenda.
Não sou especialista na área. Escrevo apenas o que sinto, percebo e leio sobre o mundinho a minha volta. Mas o cinema brasileiro nunca foi tão bom quanto agora. E os números comprovam isso. Em 2010, houve um aumento de 32% nas bilheterias. Isso representa 135 milhões de espectadores e uma renda de 1,3 bilhão de reais. "Tropa de Elite 2", "Chico Xavier" e "Nosso Lar" foram os filmes brasileiros mais vistos em 2010. Aliás, "Tropa de Elite 2" foi o filme mais visto da história do cinema brasileiro, batendo o recorde de "Dona Flor e Seus Dois Maridos", de 1976. Superou também, em quantidade de público, a superprodução "Avatar". É ou não é para se orgulhar das nossas produções?
Dos últimos cinco filmes que assisti, quatro eram brasileiros. Dei gargalhadas no "De pernas pro ar", com Ingrid Guimarães, e adoro o capitão Nascimento. Fui vê-los duas vezes na telona. E pensar que antigamente eu fazia cara de desprezo quando ia no cinema e tinham filmes brasileiros em cartaz. Agora, sou fã do cinema sem legenda. Espero que essa boa fase continue e evolua. Com os incentivos fiscais do governo, através de leis como a Audiovisual, pólos cinematográficos como o de Paulínia e investimentos privados, quem sabe nosso país não se torne um Brasilwood.
Bruna Surfistinha entra para a minha lista de filmes recomendados. Não pelas cenas picantes e, sim, pela história. A única coisa que me intrigou nesse filme foi encontrar uma sala de cinema lotada de adolescentes, em sua maioria meninas que, por pouco, não passam pela censura do filme, 16 anos. Mais incomodada ainda fiquei com a conversa de umas cinco delas que estavam sentadas nas poltronas atrás de mim. Antes de começar o filme, o assunto era sexo e sex shop. "O olinho tem cheiro de morango e é comestível". "Vamos falar de sex shop agora". "Você não vai querer sentir de novo aquela dor horrível de perder a virgindade!". "Eu tenho uma pomada ótima para isso".
Espero que quem ficou horrorizado com as cenas de sexo do filme, fique revoltado também com comentários como esses, vindo de meninas que mal conhecem a vida e já sabem muito mais sobre o assunto do que muita mulher feita. Muito provavelmente elas não estavam ali para se comoverem com a história de Raquel, mas sim para aprenderem com a vida de Bruna.
Fiquei pensando na história de uma pobre menina de classe média que foi ignorada pelo pai, insultada pelo irmão, desprezada na escola e humilhada por um idiota. Fiquei estarrecida. O que as atitudes humanas são capazes de fazer com a cabeça de uma pessoa! Ninguém tem o direito de acabar com sonhos e com a vida de ninguém. E quantas meninas passam por situações como essa? Claro que nem isso que aconteceu com a adolescente Raquel, e nem nada, são motivos para uma pessoa se tornar vulnerável, cair na vida e sair dando para todo mundo. Mas quando se tem um psicológico fraco, uma mente perturbada, quando falta estrutura, principalmente familiar, qualquer coisa que aconteça fora do script pode levar um ser humano a cometer loucuras como as de Raquel, que passou da garota menos popular da escola para a prostituta mais famosa do Brasil.
Definitivamente o filme não me horrorizou. Fiquei muito mais chocada com a Sandy posando de devassa do que com a Débora Secco interpretando uma puta. Mas isso é assunto para um outro post. Hoje, eu gostaria de propor um brinde às produções cinematográficas brasileiras; uma salva de palmas ao cinema sem legenda.
Não sou especialista na área. Escrevo apenas o que sinto, percebo e leio sobre o mundinho a minha volta. Mas o cinema brasileiro nunca foi tão bom quanto agora. E os números comprovam isso. Em 2010, houve um aumento de 32% nas bilheterias. Isso representa 135 milhões de espectadores e uma renda de 1,3 bilhão de reais. "Tropa de Elite 2", "Chico Xavier" e "Nosso Lar" foram os filmes brasileiros mais vistos em 2010. Aliás, "Tropa de Elite 2" foi o filme mais visto da história do cinema brasileiro, batendo o recorde de "Dona Flor e Seus Dois Maridos", de 1976. Superou também, em quantidade de público, a superprodução "Avatar". É ou não é para se orgulhar das nossas produções?
Dos últimos cinco filmes que assisti, quatro eram brasileiros. Dei gargalhadas no "De pernas pro ar", com Ingrid Guimarães, e adoro o capitão Nascimento. Fui vê-los duas vezes na telona. E pensar que antigamente eu fazia cara de desprezo quando ia no cinema e tinham filmes brasileiros em cartaz. Agora, sou fã do cinema sem legenda. Espero que essa boa fase continue e evolua. Com os incentivos fiscais do governo, através de leis como a Audiovisual, pólos cinematográficos como o de Paulínia e investimentos privados, quem sabe nosso país não se torne um Brasilwood.
Bruna Surfistinha entra para a minha lista de filmes recomendados. Não pelas cenas picantes e, sim, pela história. A única coisa que me intrigou nesse filme foi encontrar uma sala de cinema lotada de adolescentes, em sua maioria meninas que, por pouco, não passam pela censura do filme, 16 anos. Mais incomodada ainda fiquei com a conversa de umas cinco delas que estavam sentadas nas poltronas atrás de mim. Antes de começar o filme, o assunto era sexo e sex shop. "O olinho tem cheiro de morango e é comestível". "Vamos falar de sex shop agora". "Você não vai querer sentir de novo aquela dor horrível de perder a virgindade!". "Eu tenho uma pomada ótima para isso".
Espero que quem ficou horrorizado com as cenas de sexo do filme, fique revoltado também com comentários como esses, vindo de meninas que mal conhecem a vida e já sabem muito mais sobre o assunto do que muita mulher feita. Muito provavelmente elas não estavam ali para se comoverem com a história de Raquel, mas sim para aprenderem com a vida de Bruna.
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02/03/2011
Você é um workaholic?
Fiquei chocada com a história de um colega de trabalho do meu irmão. Num dia aparentemente normal, o rapaz chegou à empresa fora de si. Não falava coisa com coisa, acusava todo mundo, teve uma conversa sem pé nem cabeça com o chefe e várias outras atitudes inesperadas. Parecia descontrolado. O chefe ligou para seu pai que, assustado, foi buscar o menino e levá-lo para o hospital. Resultado: o rapaz de 22 anos está internado em uma das melhores clínicas de reabilitação da América Latina. Tudo pago pela empresa. Diagnóstico: distúrbio mental.
Não podemos dizer com certeza que esta situação foi provocada somente pelo estresse do trabalho. Segundo o meu irmão, o rapaz já havia dado entrada em hospitais anteriormente por causa de sintomas parecidos. Mas ele acredita que a pressão e o excesso de trabalho contribuíram sim para esse desfecho, já que eles estavam, em dois, fazendo o trabalho de quatro pessoas, e trabalhando exaustivamente há dias seguidos. Os pais do rapaz chegaram até a visitar a empresa para conhecer o ambiente de trabalho, talvez na esperança de tentar entender o que provocou o desequilíbrio no filho.
Existe uma expressão em inglês, chamada workaholic, que define os viciados em trabalho. Tem gente que se vangloria de colocar no currículo e em seus perfis no Twitter, Facebook e Linkedyn que são workaholics. Outros não assumem que são, dando a desculpa de que trabalham demais porque precisam ganhar mais dinheiro ou porque a empresa exige. Não importa o motivo, quem não consegue se livrar do trabalho é um workaholic. Um título chique, merecido apenas por pessoas malucas.
Conheço um sem-número de malucos. Meu irmão, que já trabalhava mais horas que o necessário por dia, agora, com o afastamento do rapaz, trabalha por quatro. Esta semana chegou para o chefe dele e disse: "Eu não vou ficar louco também, vou?". Não tem mais horário para entrar e nem sair. Trabalha aos sábados, domingos e não será novidade se tiver que trabalhar no Carnaval também. Pergunta se ele reclama?! Claro que não! Recebeu de horas extras este mês mais do que o salário normal, e está super feliz. Como não tem tempo para gastar a grana, vai ficar rico em breve. Só espero que ele não tenha que usar o dinheiro para comprar remédios e pagar tratamentos.
Tenho um colega na empresa que só pensa em trabalho também. Segundo ele, "dormir é para os fracos". Chegou a me incentivar a fazer uma abaixo-assinado para um dia de 32 horas. Pensa em dez coisas ao mesmo tempo e perde-se nos pensamentos. Um belo dia, ele virou a noite trabalhando em casa e foi dormir às 6h. Chegou na empresa meio dia. Ninguém viu que ele estava trabalhando em casa. Só viram que já eram quase meio dia e ele ainda não havia aparecido na empresa. Agora está em casa de molho, com conjuntivite. E quem disse que isso o impediu de trabalhar? Não sai do Twitter e está terminando alguns trabalhos urgentes. Afinal, uma conjuntivite não pode ser capaz de parar uma pessoa. Consegue enxergar a tela do computador, mas está cego para o que realmente importa: sua saúde.
Tenho uma amiga que é professora e tem dois empregos. Segundo ela, dar aulas em apenas uma escola não é suficiente para se manter e ainda guardar dinheiro. Como sobram horas em seu dia, arrumou mais um emprego. No início era apenas para ganhar mais. "Não me considero uma viciada", disse. Agora não consegue mais se livrar do trabalho. Às terças e quintas-feiras chega a dar 14 horas de aula, suportando o cansaço físico e mental por ter que lidar com crianças e adolescentes de todas as "espécies". Este ano, ainda veio com uma novidade: pós-graduação aos sábados, uma exigência do trabalho. Aos domingos, prepara aulas e corrige provas. Mas ainda bem que ela tem as noites de sexta e sábado livres. Pergunta se ela tem pique para sair com as amigas? Raramente.
Refletindo sobre este assunto chego à conclusão de que também sou uma workaholic. E não me sinto feliz por isso. Trabalho até mais tarde e levo coisas para terminar em casa. Sou viciada em redes sociais (meus perfis e os da empresa). Acabei de comprar um netbook para levar para onde eu for; assim eu não perco tempo. Sou movida a café durante o dia e à internet à noite. Não como direito. Durmo menos do que deveria e vivo com olheiras. Não desligo um minuto. Mesmo assim, acho que estou no nível 1 da doença, pois ainda consigo reservar um tempo para me divertir. Consigo pegar férias e não lembrar sequer do nome da empresa onde trabalho. Consigo manter meus compromissos pessoais, mesmo quando o dever me chama. Não troco meu lazer pelo trabalho. Mas confesso que preciso pisar no freio e descer ao nível zero da doença, antes que seja promovida.
O que fazem as pessoas trabalharem tanto? Desejo de crescimento e realização profissional? Mais dinheiro no bolso? Falta do que fazer nas horas vagas? Carência afetiva? Vida pessoal e sentimental frustrada? Não importa. Não é trabalhando em excesso que vamos esquecer dos problemas que nos aguardam lá fora.
Não seja um workaholic. Cuidado com esta doença. Seus sintomas são estresse, queda de cabelo, olheiras, depressão, impotência sexual, mau humor, insônia, dores no estômago, pressão alta... Enquanto está nesta fase, o tratamento é prazeroso e não dói. Doses de noites bem dormidas, passeio com a família, happy hours com os amigos, férias de verdade (não vale vender alguns dias), leitura de bons livros, música para os ouvidos, lazer em geral, de preferência acompanhado por grandes doses de gargalhadas.
No estágio mais grave, essa "doença" pode lhe levar à loucura. Aí, meu amigo, o tratamento é um só: férias em uma clínica de reabilitação até você cair na real e perceber que todo o seu esforço em ganhar reconhecimento e mais dinheiro foi em vão. O desequilíbrio acabou com a sua saúde física, mental e emocional. É isso que você sonhou para sua vida? Atenção: workaholics podem terminar suas vidas sozinhos e infelizes.
Não podemos dizer com certeza que esta situação foi provocada somente pelo estresse do trabalho. Segundo o meu irmão, o rapaz já havia dado entrada em hospitais anteriormente por causa de sintomas parecidos. Mas ele acredita que a pressão e o excesso de trabalho contribuíram sim para esse desfecho, já que eles estavam, em dois, fazendo o trabalho de quatro pessoas, e trabalhando exaustivamente há dias seguidos. Os pais do rapaz chegaram até a visitar a empresa para conhecer o ambiente de trabalho, talvez na esperança de tentar entender o que provocou o desequilíbrio no filho.
Existe uma expressão em inglês, chamada workaholic, que define os viciados em trabalho. Tem gente que se vangloria de colocar no currículo e em seus perfis no Twitter, Facebook e Linkedyn que são workaholics. Outros não assumem que são, dando a desculpa de que trabalham demais porque precisam ganhar mais dinheiro ou porque a empresa exige. Não importa o motivo, quem não consegue se livrar do trabalho é um workaholic. Um título chique, merecido apenas por pessoas malucas.
Conheço um sem-número de malucos. Meu irmão, que já trabalhava mais horas que o necessário por dia, agora, com o afastamento do rapaz, trabalha por quatro. Esta semana chegou para o chefe dele e disse: "Eu não vou ficar louco também, vou?". Não tem mais horário para entrar e nem sair. Trabalha aos sábados, domingos e não será novidade se tiver que trabalhar no Carnaval também. Pergunta se ele reclama?! Claro que não! Recebeu de horas extras este mês mais do que o salário normal, e está super feliz. Como não tem tempo para gastar a grana, vai ficar rico em breve. Só espero que ele não tenha que usar o dinheiro para comprar remédios e pagar tratamentos.
Tenho um colega na empresa que só pensa em trabalho também. Segundo ele, "dormir é para os fracos". Chegou a me incentivar a fazer uma abaixo-assinado para um dia de 32 horas. Pensa em dez coisas ao mesmo tempo e perde-se nos pensamentos. Um belo dia, ele virou a noite trabalhando em casa e foi dormir às 6h. Chegou na empresa meio dia. Ninguém viu que ele estava trabalhando em casa. Só viram que já eram quase meio dia e ele ainda não havia aparecido na empresa. Agora está em casa de molho, com conjuntivite. E quem disse que isso o impediu de trabalhar? Não sai do Twitter e está terminando alguns trabalhos urgentes. Afinal, uma conjuntivite não pode ser capaz de parar uma pessoa. Consegue enxergar a tela do computador, mas está cego para o que realmente importa: sua saúde.
Tenho uma amiga que é professora e tem dois empregos. Segundo ela, dar aulas em apenas uma escola não é suficiente para se manter e ainda guardar dinheiro. Como sobram horas em seu dia, arrumou mais um emprego. No início era apenas para ganhar mais. "Não me considero uma viciada", disse. Agora não consegue mais se livrar do trabalho. Às terças e quintas-feiras chega a dar 14 horas de aula, suportando o cansaço físico e mental por ter que lidar com crianças e adolescentes de todas as "espécies". Este ano, ainda veio com uma novidade: pós-graduação aos sábados, uma exigência do trabalho. Aos domingos, prepara aulas e corrige provas. Mas ainda bem que ela tem as noites de sexta e sábado livres. Pergunta se ela tem pique para sair com as amigas? Raramente.
Refletindo sobre este assunto chego à conclusão de que também sou uma workaholic. E não me sinto feliz por isso. Trabalho até mais tarde e levo coisas para terminar em casa. Sou viciada em redes sociais (meus perfis e os da empresa). Acabei de comprar um netbook para levar para onde eu for; assim eu não perco tempo. Sou movida a café durante o dia e à internet à noite. Não como direito. Durmo menos do que deveria e vivo com olheiras. Não desligo um minuto. Mesmo assim, acho que estou no nível 1 da doença, pois ainda consigo reservar um tempo para me divertir. Consigo pegar férias e não lembrar sequer do nome da empresa onde trabalho. Consigo manter meus compromissos pessoais, mesmo quando o dever me chama. Não troco meu lazer pelo trabalho. Mas confesso que preciso pisar no freio e descer ao nível zero da doença, antes que seja promovida.
O que fazem as pessoas trabalharem tanto? Desejo de crescimento e realização profissional? Mais dinheiro no bolso? Falta do que fazer nas horas vagas? Carência afetiva? Vida pessoal e sentimental frustrada? Não importa. Não é trabalhando em excesso que vamos esquecer dos problemas que nos aguardam lá fora.
Não seja um workaholic. Cuidado com esta doença. Seus sintomas são estresse, queda de cabelo, olheiras, depressão, impotência sexual, mau humor, insônia, dores no estômago, pressão alta... Enquanto está nesta fase, o tratamento é prazeroso e não dói. Doses de noites bem dormidas, passeio com a família, happy hours com os amigos, férias de verdade (não vale vender alguns dias), leitura de bons livros, música para os ouvidos, lazer em geral, de preferência acompanhado por grandes doses de gargalhadas.
No estágio mais grave, essa "doença" pode lhe levar à loucura. Aí, meu amigo, o tratamento é um só: férias em uma clínica de reabilitação até você cair na real e perceber que todo o seu esforço em ganhar reconhecimento e mais dinheiro foi em vão. O desequilíbrio acabou com a sua saúde física, mental e emocional. É isso que você sonhou para sua vida? Atenção: workaholics podem terminar suas vidas sozinhos e infelizes.
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01/03/2011
Meu primeiro amor
Lembro como se fosse hoje da primeira vez que me apaixonei de verdade. Eu tinha treze anos e estava na 7ª série. Fiquei encantada com um garoto da mesma idade que estudava em outra sala. Ele tinha os cabelos compridos e andava sempre com mais dois amigos. O amor bateu em minha porta e, acredito que pela única vez em minha vida até hoje, eu abri de verdade. E me entreguei, de corpo e alma, sem medo de ser feliz e sem pensar no que viria depois.
Naquela idade, minha redoma de vidro ainda não estava pronta. Então, não tinha onde eu me esconder. Também não me importava com as convenções da sociedade. Muito menos com o que iriam pensar sobre mim. Eu estava amando. E só tinha uma coisa que me importava realmente na vida: ele.
Meus dias eram completos só de vê-lo na escola. Não conversávamos e nem tínhamos contato algum. Para mim, bastava trocar olhares com ele durante o recreio para eu me derreter e ficar esperando, ansiosa, pelo dia seguinte.
Na 8ª série achei que ele fosse estudar à noite. Mas fui surpreendida no primeiro dia de aula com ele entrando na mesma sala que eu, de cabelos curtos. Deus havia me presenteado com mais um ano ao lado dele.
Eu ainda não tinha dado o meu primeiro beijo. E, mesmo em meio a vários pedidos dos meninos (que fase boa!) para ficarem comigo, eu havia decidido que o meu primeiro beijo seria com ele. E foi mesmo! Quase no final do ano. Foi o momento mais doce e sublime da minha vida. Voltei da escola até em casa como se estivesse andando nas nuvens. Definitivamente, eu estava amando.
Pensava nele o dia inteiro, sonhava com ele, não via a hora de ir para a escola só para vê-lo. Meu mundinho girava em torno deste amor. Até que a trajetória do amor foi interrompida.
Não precisou acontecer nada de grave. Apenas mudei de escola e ele continuou na mesma. Como não éramos namorados, nem nada, acabei não tendo mais contato com ele. No penúltimo dia de aula, lhe enviei uma carta. Ela era linda e cheia de emoção. Gostaria de ter guardado uma cópia desta carta, pois tenho certeza de que minha paixão por escrever começou a ser revelada ali.
Perdi o amor e fiquei com a dor. E entrei em depressão. Chorei muito, sofri horrores, mais do que poderia suportar. Aos 14 anos me vi fechada para balanço. Foi cedo demais. Essas coisas não deveriam acontecer com pessoas tão jovens, pois acabam afetando suas vidas.
Tentei abrir as portas aos poucos, mas nunca mais consegui escancará-las. E não foi só por medo de sofrer. O problema é que eu cresci. E fui contagiada pelas regras dos adultos.
Com o passar do tempo, a gente aprende a não se entregar; aprende que amar livremente e sem medo é para os tolos; aprende a não querer sofrer de novo; aprende a ser mais seletiva e exigente; aprende a desistir. Acabamos aprendendo coisas que não deveríamos ter aprendido nunca, porque elas nos impedem de viver, como na adolescência, de peito aberto, alma livre e coração pronto para amar.
Naquela idade, minha redoma de vidro ainda não estava pronta. Então, não tinha onde eu me esconder. Também não me importava com as convenções da sociedade. Muito menos com o que iriam pensar sobre mim. Eu estava amando. E só tinha uma coisa que me importava realmente na vida: ele.
Meus dias eram completos só de vê-lo na escola. Não conversávamos e nem tínhamos contato algum. Para mim, bastava trocar olhares com ele durante o recreio para eu me derreter e ficar esperando, ansiosa, pelo dia seguinte.
Na 8ª série achei que ele fosse estudar à noite. Mas fui surpreendida no primeiro dia de aula com ele entrando na mesma sala que eu, de cabelos curtos. Deus havia me presenteado com mais um ano ao lado dele.
Eu ainda não tinha dado o meu primeiro beijo. E, mesmo em meio a vários pedidos dos meninos (que fase boa!) para ficarem comigo, eu havia decidido que o meu primeiro beijo seria com ele. E foi mesmo! Quase no final do ano. Foi o momento mais doce e sublime da minha vida. Voltei da escola até em casa como se estivesse andando nas nuvens. Definitivamente, eu estava amando.
Pensava nele o dia inteiro, sonhava com ele, não via a hora de ir para a escola só para vê-lo. Meu mundinho girava em torno deste amor. Até que a trajetória do amor foi interrompida.
Não precisou acontecer nada de grave. Apenas mudei de escola e ele continuou na mesma. Como não éramos namorados, nem nada, acabei não tendo mais contato com ele. No penúltimo dia de aula, lhe enviei uma carta. Ela era linda e cheia de emoção. Gostaria de ter guardado uma cópia desta carta, pois tenho certeza de que minha paixão por escrever começou a ser revelada ali.
Perdi o amor e fiquei com a dor. E entrei em depressão. Chorei muito, sofri horrores, mais do que poderia suportar. Aos 14 anos me vi fechada para balanço. Foi cedo demais. Essas coisas não deveriam acontecer com pessoas tão jovens, pois acabam afetando suas vidas.
Tentei abrir as portas aos poucos, mas nunca mais consegui escancará-las. E não foi só por medo de sofrer. O problema é que eu cresci. E fui contagiada pelas regras dos adultos.
Com o passar do tempo, a gente aprende a não se entregar; aprende que amar livremente e sem medo é para os tolos; aprende a não querer sofrer de novo; aprende a ser mais seletiva e exigente; aprende a desistir. Acabamos aprendendo coisas que não deveríamos ter aprendido nunca, porque elas nos impedem de viver, como na adolescência, de peito aberto, alma livre e coração pronto para amar.
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