Por que será que a vida do outro parece mais fácil, mais bonita e mais legal que a nossa? Não são raras as vezes que nos pegamos desejando o que é do outro. Não estou falando de inveja e, sim, de descontentamento com a própria vida.
Achamos que o emprego do outro é o melhor do mundo, que o namorado da nossa amiga é mais charmoso, que a casa do vizinho é mais bonita. Sonhamos com o que o outro tem. Ah!, se eu tivesse um carro daquele seria o homem mais feliz do mundo. Ah!, se eu tivesse um marido como aquele passaria o resto da minha vida ao lado dele.
Enfim, a vida alheia nos parece sempre mais interessante. Mas não é. Todo mundo tem problema; todo mundo tem queixas a fazer. Claro que cada um em proporções diferentes, porque cada ser humano pode encarar a mesma situação de formas distintas, dependendo de sua bagagem de vida, cultura, valores, criação etc.
Digo que a vida do outro não é mais interessante que a nossa, porque todos nós somos fabricados em duas versões: o que somos no fundo, na essência – e que pouquíssimas pessoas conhecem - e o que representamos na sociedade. Sim, todos nós somos personagens de nós mesmos. Não confundam personagem com falsidade, falta de personalidade ou caráter.
Representar é necessário para viver em sociedade. Quantas vezes, na frente das pessoas, temos que tolerar alguém que odiamos quando na verdade a vontade que temos é de esbofeteá-lo? E por que não esbofeteamos? Porque existem as convenções sociais que nos impedem de fazer isso, que nos impõem limite e regras de boas maneiras e nos fazem acreditar que, se fizermos isso, será pior para nós mesmos.
Isso tudo quer dizer que não temos como saber se o emprego do outro realmente é o melhor do mundo, porque o que vemos da vida dele são apenas as aparências. Não estamos com ele no dia a dia para conhecermos a realidade. Será que a sua amiga realmente não tem queixa nenhuma do namorado mais charmoso do pedaço?
Ninguém nunca está plenamente satisfeito com o que é e com o que tem. Estamos sempre buscando mais. E isso é saudável, desde que feito de forma equilibrada. Querer mais, continuar sonhando e lutar para conquistar nossos sonhos e objetivos é o que nos mantém vivos. O dia que estivermos plenamente satisfeitos com tudo o que fizemos e temos na vida, não teremos mais o que fazer neste mundo.
Por isso, antes de olhar pelo buraco da fechadura do vizinho e querer o que é dele, pense se você não é mais feliz com o que você tem. Afinal, “se todos jogássemos nossos problemas em uma pilha e víssemos os de todo mundo, pegaríamos os nossos de volta” (autor desconhecido). A vida alheia pode não ser tão boa quanto parece.
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