13/03/2011

A estupidez da morte

Esta noite sonhei que uma amiga muito querida havia morrido atropelada. No mesmo sonho a namorada de um amigo meu também tinha morrido, em um acidente de carro. Chorei muito durante o sonho, acho até que chorei de verdade. Lembro de ter ido ao velório e visto muitos, muitos caixões. Foi um pesadelo; acordei assustada.

Estou em Jarinu, na chácara dos meus avós, e acabo de receber a notícia da morte de uma menina de 10 anos que conheci no último Natal. Ela era filha do namorado da irmã por parte de pai do meu tio, casado com a irmã da minha mãe. Ou seja, nenhum parentesco comigo. Porém, durante aquele dia festivo ela passou a tarde toda comigo. Passei protetor solar nela e brincamos juntas na piscina. Tentei ensiná-la a nadar. Na hora de ir embora, ela desceu, tomou banho, se trocou e subiu para se despedir de mim. Na época, comentei com minha família que aquela menina era muito meiga e simpática. Gostei muito dela. Ela ficou de voltar na Páscoa para comemorar com a gente.

Não deu tempo. Ela morreu antes. Após desmaiar no banheiro durante o banho, foi levada para o hospital. Diagnóstico: aneurisma. Estava internada desde o dia 28 de fevereiro. Foi enterrada no sábado de Carnaval. 10 anos de idade, meu Deus!

Não existe coisa mais estúpida na vida que a morte. Você está vivo, com saúde, cheio de planos para o feriado, para o ano que vem e, de repente, morre atropelado.
Você está preparando tudo para o seu casamento e, a poucos dias do momento mais especial de sua vida, morre assassinado na esquina por um motivo banal.

Vai viajar a trabalho e volta com uma doença que lhe tira a vida em poucos dias. Está no trânsito, não vê a hora de chegar em casa, e é atingido por um tsunami. São inúmeras histórias estúpidas que ouvimos todos os dias.

Minha avó me disse enquanto filosofávamos sobre a morte: “Pra que tanto orgulho nessa vida se o fim é a morte!”. Quem falou que seremos privilegiados no fim por sermos ricos, famosos, bonitos, poderosos? Nada disso importa. A morte é estúpida até nessas horas. Ela não sabe escolher. Suas escolhas são feitas de acordo com critérios de seleção que não são passíveis de entendimento a simples mortais como nós.

Já disse em outro post que a vida é uma caixinha de surpresas. Mas existem muitas surpresas que não são bem-vindas.

2 comentários:

Dri disse...

A verdade é que nunca estamos preparados para lhe dar com a perda. Seja ela qual for. Encaro a morte como um fim de ciclo, uma missão cumprida e acredito, realmente, que essa nossa vida na Terra é apenas uma passagem. Mas é durante essa passagem que descobrimos e vivenciamos os melhores e piores sentimentos. E toda perda gera uma saudade. Saudade, como escreveu Martha Medeiros, é permanência...

Unknown disse...

Como dizia Renato Russo:

"É tão estranho, os bons morrem jovens. Assim parece ser, quando me lembro de vc, que acabou indo embora, cedo de mais..."