Não é fácil estar sozinho. Mais difícil ainda é ter que assumir os sucessivos fracassos nas relações amorosas. Entra ano e sai ano e tudo continua do mesmo jeito. Promessas são feitas, cumpridas, quebradas, e nada acontece. Pessoas vêm e vão sem explicação. Mudam-se as regras, o jeito de agir, a ordem das coisas, o corte de cabelo, o estilo preferido, diminui-se a lista de exigências, e nada.
Começar de novo uma, duas, três, dez vezes é mais do que normal. É a única regra. Vai e tenta, errando ou não uma coisa é certa: tudo vai ter que ser recomeçado, mais cedo ou mais tarde.
Mas talvez isso não seja o pior. Existe uma tragédia que pode ser ainda maior do que simplesmente assumir os fracassos e começar de novo: a piedade das pessoas. E para virar catástrofe basta tentarem ajudar, como se a pessoa não fosse capaz de conseguir sozinha. Aí vira uma mistura de constrangimento com piedade de si mesmo, assinando de vez o atestado de incapacidade sentimental e dependência alheia.
E quando nem assim a coisa funciona é porque não tem mais jeito. A sentença foi dada. E insistir só faz prolongar o sofrimento.
Não deve ser tão ruim assim viver sozinho, mesmo contra a vontade. Se o universo conspira para que isso aconteça, não adianta lutar contra. A força do destino é muito maior do que qualquer tentativa de se aproximar dois corações. E se o destino quis assim, o melhor que se tem a fazer é mudar o rumo das conversas, pensamentos e vontades. Que assim seja!
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