18/04/2012

Sem naufrágios


Eu tinha 14 anos quando assisti pela primeira vez ao filme Titanic, no cinema. Lembro-me de ter enfrentado quatro horas de fila para conferir na telona a história de amor de Jack e Rose e a tragédia do naufrágio do navio mais imponente que o mundo já havia visto. Chorei do princípio ao fim do filme, e quando saí da sala de cinema chegava a soluçar.

Essa experiência foi em 1998, mas ainda guardo na memória a emoção de ver os músicos tocando incessantemente seus violinos enquanto todos tentavam salvar suas vidas, prestes a naufragarem com a carcaça do gigante de aço.

Depois disso, devo ter visto esse filme umas oito vezes. Todas elas em fitas VHS, duas por sinal, já que o filme era longo. Depois de assistir, enquanto enxugava as lágrimas, rebobinava as fitas para então devolver à locadora de vídeo.

Em 2012, o naufrágio do Titanic completou 100 anos, e o filme ganhou uma roupagem mais moderna. Agora é possível conferir toda a história em 3D. O final não é diferente, pois nem com os óculos que permitem enxergar em três dimensões, conseguiram avistar o iceberg a tempo. Porém a emoção e os impactos do filme nos espectadores devem ser ainda maiores em 3D. Além disso, é a grande oportunidade para que a meninada de hoje possa assistir no cinema ao filme que foi febre entre os, ou melhor, as adolescentes da minha época.

Em 2012, também completam 14 anos que eu assisti Titanic pela primeira vez. E quanta coisa mudou de lá pra cá! A começar pela tecnologia, que transforma em 3D o mesmo filme que era visto em VHS. A sala de cinema do shopping da minha cidade virou uma loja de departamento. E a pista de patinação no gelo, onde fiquei a maior parte das quatro horas esperando pelo horário do filme, já não existe mais há um bom tempo. Dez reais não dão mais para pagar o transporte, o cinema e uma casquinha de sorvete. Os amigos que me acompanharam ao cinema também não são mais os mesmos que me acompanham hoje em dia, assim como as roupas que eu costumo vestir já não são mais do mesmo estilo. Tudo mudou muito rápido, e muita coisa se tornou obsoleta. Mas a lembrança. Ah! A lembrança. Essa permanece intacta, como se tudo tivesse acontecido ontem.

O mundo pode evoluir, a tecnologia pode invadir nossas vidas, podemos nos adaptar a novos métodos e a novas máquinas, mas o que guardamos na memória, os detalhes dos velhos tempos, isso ninguém rouba de nós. Lembrar-nos de momentos passados é reviver cada sensação, não deixando que as lembranças naufraguem em nossas mentes.

Nestes 100 anos do naufrágio do Titanic, vamos comemorar as lembranças que não naufragam. São elas que nos mostram como os detalhes bobos de hoje são os que vão nos provocar um leve sorriso de nostalgia amanhã, nos fazendo pensar: “Bons tempos aqueles”.

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