Lembro como se fosse hoje da primeira vez que me apaixonei de verdade. Eu tinha treze anos e estava na 7ª série. Fiquei encantada com um garoto da mesma idade que estudava em outra sala. Ele tinha os cabelos compridos e andava sempre com mais dois amigos. O amor bateu em minha porta e, acredito que pela única vez em minha vida até hoje, eu abri de verdade. E me entreguei, de corpo e alma, sem medo de ser feliz e sem pensar no que viria depois.
Naquela idade, minha redoma de vidro ainda não estava pronta. Então, não tinha onde eu me esconder. Também não me importava com as convenções da sociedade. Muito menos com o que iriam pensar sobre mim. Eu estava amando. E só tinha uma coisa que me importava realmente na vida: ele.
Meus dias eram completos só de vê-lo na escola. Não conversávamos e nem tínhamos contato algum. Para mim, bastava trocar olhares com ele durante o recreio para eu me derreter e ficar esperando, ansiosa, pelo dia seguinte.
Na 8ª série achei que ele fosse estudar à noite. Mas fui surpreendida no primeiro dia de aula com ele entrando na mesma sala que eu, de cabelos curtos. Deus havia me presenteado com mais um ano ao lado dele.
Eu ainda não tinha dado o meu primeiro beijo. E, mesmo em meio a vários pedidos dos meninos (que fase boa!) para ficarem comigo, eu havia decidido que o meu primeiro beijo seria com ele. E foi mesmo! Quase no final do ano. Foi o momento mais doce e sublime da minha vida. Voltei da escola até em casa como se estivesse andando nas nuvens. Definitivamente, eu estava amando.
Pensava nele o dia inteiro, sonhava com ele, não via a hora de ir para a escola só para vê-lo. Meu mundinho girava em torno deste amor. Até que a trajetória do amor foi interrompida.
Não precisou acontecer nada de grave. Apenas mudei de escola e ele continuou na mesma. Como não éramos namorados, nem nada, acabei não tendo mais contato com ele. No penúltimo dia de aula, lhe enviei uma carta. Ela era linda e cheia de emoção. Gostaria de ter guardado uma cópia desta carta, pois tenho certeza de que minha paixão por escrever começou a ser revelada ali.
Perdi o amor e fiquei com a dor. E entrei em depressão. Chorei muito, sofri horrores, mais do que poderia suportar. Aos 14 anos me vi fechada para balanço. Foi cedo demais. Essas coisas não deveriam acontecer com pessoas tão jovens, pois acabam afetando suas vidas.
Tentei abrir as portas aos poucos, mas nunca mais consegui escancará-las. E não foi só por medo de sofrer. O problema é que eu cresci. E fui contagiada pelas regras dos adultos.
Com o passar do tempo, a gente aprende a não se entregar; aprende que amar livremente e sem medo é para os tolos; aprende a não querer sofrer de novo; aprende a ser mais seletiva e exigente; aprende a desistir. Acabamos aprendendo coisas que não deveríamos ter aprendido nunca, porque elas nos impedem de viver, como na adolescência, de peito aberto, alma livre e coração pronto para amar.
4 comentários:
Nossa Fabi.. como é bom relembrar o primeiro amor né?
Você fez com que eu me lembrasse do meu. Mas, no meu caso ele foi mais platônico do que o próprio Platão podia imaginar. Sofri muito também, mas de uma forma diferente.
Encaro tudo que já passei na minha vida amorosa como uma experiência que me ensinou muita coisa. Tudo que já passei me ensinou a ser durona, exigente e a valorizar mais as pessoas que me valorizam.
Enfim, as histórias do cotidiano sempre embalam nossos sentimentos. É muito gostoso de ler.
Beijos
Perdão filha, se eu soubesse jamais teria mudado vc de escola.
Mas ão tenha medo de amar novamente, Deus, certamente tinha outros planos para vc. Não se feche lembre-se do que eu sempre te digo"Olhe para os lados, não só para frente ou para trás.
Bjs
Acho que quase todo mundo perde seu primeiro amor de forma ironica, o bom é que com o passar dos anos todo sofrimento do primeiro amor se torna simplesmente uma linda e engraçada lembrança!!!
Vivemos tantos amores, de tamanhos e intensidades diferentes, mas nenhum se compara com a magia do primeiro amor! Se todos os amores passam, o primeiro fica. E para sempre!!
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