02/10/2011

Resgate

Chega uma hora em que é preciso admitir que as coisas não vão bem. E não é admitir para os outros, porque a essa altura os outros já sabem que as coisas não estão boas pro seu lado. É admitir para si mesmo. Parar e se perguntar: “em que ponto da minha vida eu deixei as coisas saírem do eixo?”.

Sinto que minha hora chegou. Desde ontem tenho pensado no que tenho feito da minha vida, que saiu da linha exatamente na época do meu aniversário de 27 anos. Abandonei meu blog, abandonei meus textos cheios de lições que nunca aprendi a colocar em prática, abandonei o convívio com as pessoas que mais amo, abandonei a mim mesma.


Mergulhei num outro mundo, que me parecia mágico no começo, mas que hoje sei que não acrescentou nada em minha vida, pois me tirou o direito de sonhar e me mostrou a realidade nua e crua, exatamente como as coisas funcionam. Não que eu preferisse viver um conto de fadas, isso já não passa pela minha cabeça há uns 10 anos, mas sonhar é preciso e ilusão faz bem pra gente, nos faz acreditar que pode ser melhor, que pode dar certo. Quando você encara a realidade, sem máscaras, sem ilusão, você passa a enxergar o mundo como ele é de verdade, frio, duro, cruel, e, sem perceber, você começa a se transformar por dentro. A doce sonhadora iludida dá lugar a uma pessoa desprendida, incrédula, que sabe exatamente o que vai acontecer e por isso não se esforça para se envolver mais do que o estritamente necessário. E essa pessoa não se surpreende com os absurdos da vida. Tudo se torna pateticamente normal, sem surpresas.


E assim os dias vão passando e as coisas vão perdendo seu encanto, sua graça. E você percebe que você está perdendo o encanto e a graça também. Já não se esforça mais para ser simpática, para conviver com as pessoas, para sair do casulo. E seu mundo vai ficando insignificante e você vai passando despercebida pela vida.


E o que muda com tudo isso? Nada. O sol continua a raiar, o fim do ano insiste em se aproximar, as pessoas seguem seus rumos, o mundo não para. E é nesta hora que a gente precisa de uma revolução interna. Precisamos nos refazer, nos reerguer e procurar até achar, no mais profundo do nosso ser, aquela pessoa que acreditava na vida. É preciso resgatá-la, salvá-la do mundo para poder devolvê-la ao mundo, mais forte, mais determinada, mas sem perder a doçura, a alegria de viver e a esperança de que as coisas podem ser diferentes.


Vamos conseguir? Claro que vamos, temos que conseguir. Não podemos passar nossas vidas como muitas pessoas insistem em passar: amarguradas, de mal com a vida, depressivas, achando que o mundo virou as costas para elas, quando na verdade elas é que viraram as costas para si mesmas.

4 comentários:

Ariane Bulgarelli disse...

Fabi, é sempre bom refletir. Refletir nos ajuda a entender onde paramos, onde falhamos, onde desanimamos. Devemos buscar dia-a-dia o auto conhecimento a fim de entendermos o que nos deixa feliz. Tudo que se passa na vida faz parte do processo de aprendizagem, e hoje, vc tem aprendido, talvez de uma forma dolorida, mas aprendido que a vida é muitoooo além da nossa imaginação. Acredimos, nos decepcionamos, nos magoamos, nos fechamos para o mundo, pensamos em desistir e as vezes até nos culpamos por deixar chegar em determinado ponto. Mas se culpar não é o melhor passo, TUDO na vida há lições positivas a se tirar, e eu tenho certeza que falta muito pouvo pra vc se conhecer melhor e fazer as escolhas certas! A mudança não é simples e dói! Temos que persistir em passar a fase dolorida pra chegar no destino certo! Eu acredito em você e você também deve acreditar!!! Esse resgate ai está pra acontecer! Depende de vc, depende de sua forma de ver a vida! " Nossa qualidade de vida, depende da qualidade de nossos pensamentos" Portando, pense positivo que TUDO te irá bem!!!! Fica em paz! Um grande beijo!!

Fabi G. disse...

Ari, é isso mesmo! Você sabe bem por tudo que estou passando. Há pouco tempo era você quem passava por isso. Tenho certeza de que, com persistência e sem desistir, vou atravessar esse mar de espinhos. Obrigada pela força. Bjão.

Dri disse...

É, Fabi...
São as turbulências da vida...e graças a elas podemos ir mais longe e repensar nossa direção!

Roseane Cruz disse...

Acho que nem precisa comentar muito sobre o texto. É isso e ponto.